Governo quer zerar tarifas para conter inflação, diz analista

Durante entrevista ao programa BM&C News, o analista de economia e política Miguel Daoud avaliou como estratégica a declaração recente do vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, sobre a intenção do governo de zerar tarifas de importação de produtos que não são fabricados no Brasil. Segundo Daoud, a proposta tem foco na gestão da expectativa inflacionária, e não representa uma provocação no cenário geopolítico.

O mercado já vinha sinalizando que a guerra tarifária entre grandes potências poderia beneficiar o Brasil no aspecto inflacionário. Zerar tarifas de produtos sem concorrência interna melhora o custo da indústria e ajuda a conter a inflação”, afirmou.

Impacto imediato nas expectativas do mercado

Daoud destacou que a medida tem impacto direto na percepção dos agentes econômicos, especialmente porque a inflação brasileira atual é influenciada por preços administrados, como energia e educação, e não pela demanda. “Não estamos falando da inflação do tomate ou da alface, que sempre existiu. A ideia é aliviar a estrutura de custos da indústria, importando itens estratégicos que não fabricamos aqui”, disse.

Segundo ele, esse movimento já teve reflexos nos dados: “A expectativa de inflação caiu forte no boletim Focus. Isso mostra que o mercado já antecipa os possíveis efeitos positivos da medida.

Alívio para o Banco Central e risco fiscal mantido

Daoud também apontou que a iniciativa do governo pode abrir uma janela para o Banco Central manter a taxa de juros nos níveis atuais e, em um cenário mais favorável, até reduzi-la no futuro. O analista, no entanto, ressalta que o governo não deve mexer no campo fiscal, o que limita outras formas de controle inflacionário.

O governo não vai alterar sua política fiscal, porque está em campanha e isso seria politicamente negativo. Por isso, adotar uma revisão tarifária pontual pode ser o caminho mais viável e rápido para combater a inflação sem grandes desgastes políticos”, avaliou.

Produtos visados e limitações da medida

Entre os produtos que podem ter as tarifas zeradas estão medicamentos não fabricados no país e insumos industriais específicos. Daoud lembra que, apesar de positiva, a medida precisa ser bem calibrada. “Não dá para zerar tudo de uma vez. Roupas, por exemplo, a gente fabrica aqui, então não faria sentido. Mas há nichos que podem ser atacados com essa estratégia”, explicou.

Conclusão: foco é conter inflação sem comprometer a indústria nacional

Para Miguel Daoud, a proposta do governo de revisar tarifas de produtos importados tem como principal objetivo conter a inflação sem prejudicar a produção local, utilizando brechas existentes no comércio internacional. A ação, segundo ele, é mais técnica do que política e pode ter efeito relevante sobre os próximos passos da política monetária.

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