Por Que o Próximo Papa Enfrentará Grandes Desafios Financeiros

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Escolher um sucessor para o Papa Francisco acontece em um momento crítico para a Igreja Católica. Há divisões teológicas polêmicas bastante conhecidas — como a discussão sobre permitir que padres se casem e as posições da Igreja em relação aos direitos LGBTQIAPN+ e ao divórcio —, mas fontes internas do Vaticano relatam que os temas religiosos não serão os únicos debatidos pelos 135 cardeais que vão se reunir no próximo Conclave Papal. Alguns deles também estão preocupados com a experiência em gestão e com quem pode assumir bem o papel de “CEO” do Vaticano.

Isso pode surpreender quem enxerga a Santa Sé apenas como o centro espiritual dos 1,4 bilhão de católicos no mundo. Mas a Cidade do Vaticano é também uma nação soberana, com missões diplomáticas em 183 países. Por isso, embora o próximo Papa precise ser um estudioso da fé e um bom comunicador, ter as habilidades de um executivo de alto nível talvez seja mais necessário agora do que em qualquer outro momento dos quase dois mil anos de história da Igreja. Ou, como resumiu o colunista Thomas Reese, do National Catholic Reporter, há 12 anos, quando Francisco foi eleito: “em outras palavras, eles querem Jesus Cristo com um MBA.”

O Papa, afinal, é um monarca não hereditário e possui mais poderes executivos do que qualquer CEO no planeta, além de não precisar prestar contas a um conselho de administração ou a acionistas. Francisco fez mais do que qualquer outro Papa para forçar a Santa Sé a adotar práticas financeiras modernas e sair das sombras, passando a operar com mais supervisão e mecanismos de controle.

Apesar de toda sua ambição como reformador, ele enfrentou uma guerra interna silenciosa com burocratas do Vaticano que tentaram sabotar seus esforços. Os tradicionalistas que gostariam de desfazer as reformas de Francisco precisam apenas de um novo pontífice, que não entenda a importância histórica das mudanças que ele instituiu. Um Papa sem perfil de gestor pode facilmente reabrir as portas para os tempos ruins do Vaticano.

Problemas de longa data

Em 2012, um ano antes de Francisco assumir o papado, o Comitê de Peritos sobre Avaliação de Medidas contra Lavagem de Dinheiro e Financiamento do Terrorismo (Moneyval), com sede na Europa, publicou um relatório de 241 páginas com os resultados da primeira auditoria histórica feita no problemático Instituto para as Obras de Religião (IOR) — conhecido popularmente como Banco do Vaticano. Pela primeira vez na história, o público teve acesso às finanças da Santa Sé.

Na época, o IOR administrava mais de US$ 8 bilhões (R$ 45,44 bilhões) em ativos distribuídos por 33 mil contas. O banco, que desde sua fundação em 1942 esteve no centro de diversos escândalos — desde lucrar com os nazistas até múltiplos casos de lavagem de dinheiro —, nem sequer seria classificado como um banco de porte médio pelos padrões americanos. Nos dias que se seguiram à sua eleição, o Papa Francisco chegou a declarar: “Ah, como eu gostaria de uma Igreja pobre, e para os pobres.”

O relatório do Moneyval apontou que o Vaticano não estava em conformidade com metade das suas 45 diretrizes. Entre as 16 “recomendações principais e essenciais”, nas quais o Vaticano precisava obter aprovação total para entrar na cobiçada lista branca da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Santa Sé foi reprovada em sete. E o órgão responsável pela fiscalização do IOR, a Autoridade de Inteligência Financeira (AIF), também recebeu uma nota negativa.

Uma nova era

Quando Francisco foi eleito para a Cátedra de São Pedro em março de 2013, a Igreja também estava perdendo fiéis na América Latina e na África, especialmente para o pentecostalismo. Nos primeiros anos de seu pontificado, diversas dioceses americanas entraram com pedidos de falência por conta de condenações e acordos relacionados a casos de abuso sexual. Como um jesuíta argentino altamente crítico do capitalismo, Francisco — que escolheu seu nome inspirado em São Francisco de Assis, símbolo de pobreza e austeridade — prometeu ser um reformador, jurando limpar a forma como o Vaticano conduzia seus negócios e garantindo mais transparência do que qualquer um de seus antecessores. Nos primeiros dias após sua eleição, ele reforçou essa postura.

Francisco herdou um sistema bizantino em vigor desde os anos 1960. As finanças da Santa Sé eram supervisionadas informalmente pela Secretaria de Estado, enquanto a Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (APSA) atuava como o banco central da Cidade do Vaticano, sendo responsável pelas propriedades imobiliárias e ativos físicos, que incluem mais de 5 mil imóveis históricos, residenciais e comerciais na Itália, França, Suíça e Reino Unido. Esses imóveis vão desde edifícios em estilo Beaux-Arts no centro de Paris até uma unidade de dois andares que abriga uma loja da Bulgari no sofisticado bairro de Mayfair, em Londres.

Há também inúmeros tesouros arquitetônicos, incluindo a Basílica de Santo Antônio, do século XIV, em Pádua — imóveis que a Igreja considera literalmente inestimáveis, já que os ativos históricos e artísticos são registrados pelo valor simbólico de 1 euro (R$ 6,43) por propriedade.

Enquanto isso, a Prefeitura para os Assuntos Econômicos da Santa Sé era encarregada de gerir os orçamentos e os balanços das instituições da Cúria. Já o IOR operava de forma separada da Cúria. E o Estado da Cidade do Vaticano arrecadava receitas com a venda de ingressos para os Museus Vaticanos e com a comercialização de selos, moedas e souvenirs.

O relatório do Moneyval poderia ter servido como um plano de ação para reformar o IOR, mas Francisco surpreendeu alguns integrantes do Banco do Vaticano ao anunciar que, caso não fosse possível uma mudança estrutural, ele consideraria fechá-lo. Menos de um ano após sua eleição, ele publicou um decreto histórico criando uma nova divisão: a Secretaria para a Economia. Essa nova secretaria absorveu a maior parte das responsabilidades da Secretaria de Estado, da APSA e da Prefeitura, assumindo um poder inédito sobre as finanças do Vaticano e exigindo mais transparência.

Francisco nomeou um de seus conselheiros mais próximos, o cardeal australiano George Pell, conhecido por seu estilo direto, como chefe da nova pasta. Pell respondia apenas ao Papa e a três órgãos recém-criados, com autoridade para inspecionar os orçamentos de quase duas dezenas de departamentos da Cúria que até então nunca haviam compartilhado suas informações financeiras.

Com o apoio de Francisco, Pell determinou que qualquer verba recebida de fontes externas por um departamento do Vaticano deveria constar em seu balanço contábil. Isso pôs fim, de forma abrupta, a uma prática comum de ocultar grandes doações feitas por pessoas de fora interessadas em influenciar as políticas da Igreja. E, pela primeira vez na história do Vaticano, Francisco contratou uma auditoria externa profissional — a PricewaterhouseCoopers — para revisar todas as contas e orçamentos.

Mais reformas

Em 2014, Francisco anunciou que não fecharia mais o Banco do Vaticano. Em vez disso, decidiu reorganizá-lo completamente. Transferiu as atividades de investimento do IOR — que na época administrava US$ 8,2 bilhões em ativos (R$ 47,1 bilhões), incluindo US$ 4,6 bilhões (R$ 26,4 bilhões) sob gestão — para uma nova divisão. Também substituiu o diretor do IOR e todo o seu conselho por um grupo de europeus e norte-americanos com vasta experiência em finanças privadas e em Wall Street.

“O objetivo é nos tornarmos um modelo de boas práticas em administração financeira”, disse o cardeal Pell em 2014. “Nesse processo, não vamos arrecadar menos recursos para as obras da Igreja.”

O IOR divulgou seu relatório anual de 2013 no mesmo dia da reestruturação. Era mais uma prova de que Francisco estava transformando a maneira como o Vaticano conduzia seus negócios. Cerca de 3,5 mil contas do IOR haviam sido encerradas no ano anterior, muitas pertencentes a italianos ultra-ricos e figuras influentes da política. Francisco transferiu as atividades de investimento do IOR para uma nova divisão chamada Administração de Ativos do Vaticano (Vatican Asset Management, em inglês).

Com a reestruturação, o Banco do Vaticano passou a ser usado principalmente como um serviço de pagamentos e consultoria financeira para instituições de caridade católicas, ordens religiosas e funcionários da Cidade do Vaticano. O IOR deixou de atuar na compra e venda de imóveis e ações. Durante uma coletiva para anunciar os resultados do IOR, Pell afirmou: “nossa ambição é nos tornar um modelo de gestão financeira e não mais motivo de escândalos ocasionais.”

Oposição em ação

Francisco já esperava resistência burocrática por parte dos departamentos que perderiam poder e influência. Muitas vezes, a oposição era pública — como quando o vice-secretário de Estado do Vaticano tentou, de forma unilateral, cancelar a auditoria externa da PricewaterhouseCoopers em 2016. Outras vezes, a resistência era velada. Francisco era uma figura tão popular entre os fiéis que os que queriam sabotar sua reforma decidiram atacar Pell.

Notas fiscais vazadas ganharam as capas dos jornais italianos, sugerindo que a Secretaria liderada por Pell gastava de forma extravagante ao mesmo tempo em que cortava o orçamento de outros. O Vaticano classificou essas reportagens como “completamente fictícias”. Quando isso não funcionou, os adversários de Pell incentivaram investigadores de uma comissão do governo australiano a apurar boatos da Cúria de que ele não havia lidado corretamente com casos de abuso sexual clerical quando era arcebispo de Sydney.

No início de 2016, Pell foi interrogado por três noites em um hotel de Roma por investigadores australianos. Essa investigação deu ânimo à velha guarda do Vaticano, que passou a acreditar que só precisava ter paciência. Em 2017, Francisco concedeu uma licença prolongada a Pell para que ele pudesse voltar à Austrália e se defender das acusações de que teria molestado dois coroinhas nos anos 1990. A Secretaria para a Economia nunca se recuperou totalmente após a condenação de Pell, em 2018, por cinco acusações de abuso infantil. Embora, em 2020, elas tenham sido anuladas por um tribunal de apelação.

Sem Pell à frente com sua postura combativa, Francisco passou a demonstrar hesitação ao enfrentar os interesses conflitantes entre tradicionalistas e reformistas. O setor conservador defendia que a soberania da Santa Sé significava que os departamentos do Vaticano eram equivalentes aos ministérios de qualquer outro país — e, portanto, seus orçamentos deveriam manter um certo grau de confidencialidade.

Novo escândalo

Não demorou muito após a condenação de Pell para que surgissem os primeiros indícios de um possível escândalo financeiro no Vaticano. A Santa Sé iniciou uma investigação interna após rumores de que um negócio imobiliário em Londres, no valor de € 350 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões hoje), teria dado errado e poderia envolver altos clérigos.

Em 2021, o Vaticano abriu o maior julgamento criminal de sua história, no qual o outrora intocável cardeal Angelo Becciu e outros nove réus — incluindo o principal agente leigo do Papa, responsável por punir irregularidades no IOR — foram acusados de fraude ou de omissão criminosa ao não impedir o desvio de recursos no prejuízo de R$ 780 milhões com o imóvel em Londres. O julgamento durou mais de dois anos e acabou abrangendo outras irregularidades financeiras.

Quando foi concluído, em 2023, com a condenação do cardeal Becciu por peculato e acordos de delação premiada com outros réus, o objetivo inicial do julgamento parecia ter se perdido em meio à avalanche de cobertura da imprensa, que questionava se os vícios financeiros do Vaticano não seriam grandes e enraizados demais para que um único Papa pudesse consertar. Apesar de ter perdido os “direitos e privilégios” de cardeal em 2020, Becciu insiste em participar do próximo conclave.

Salvação

Mas nem tudo foi má notícia no front financeiro de Francisco. O Moneyval, órgão do Conselho da Europa que avalia medidas contra lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo, publicou um relatório de acompanhamento em maio passado e constatou que a Santa Sé havia feito grandes avanços desde sua primeira avaliação em 2012, tanto no combate ao financiamento do terrorismo quanto na prevenção à lavagem de dinheiro. As medidas adotadas por Francisco no Banco do Vaticano foram consideradas tão eficazes que o Moneyval decidiu não fazer nova auditoria até 2028.

No mês passado, enquanto o Papa estava hospitalizado com pneumonia dupla, o Vaticano publicou um decreto instituindo a Comissão para Doações à Santa Sé. Composta por um presidente e quatro membros, essa foi a tentativa de Francisco de equilibrar os crescentes custos operacionais do Vaticano aumentando as doações de católicos comuns e de grandes instituições privadas.

Contar com turismo e caridade não é exatamente um sistema confiável para manter um governo — o Vaticano aumentou o preço dos ingressos dos Museus Vaticanos em 18%, para 20 euros (R$ 128,80) no ano passado, e atraiu 6,8 milhões de turistas — mas esse é o modelo usado pela Santa Sé há um século e é o que o sucessor de Francisco vai herdar. Uma coisa que Francisco provou é que carisma e simpatia fazem diferença quando o assunto é arrecadar doações. As contribuições ao Óbolo de São Pedro — um braço de arrecadação criado mil anos atrás pelos saxões na Inglaterra, por meio do qual os católicos comuns apoiam financeiramente o Papa — dispararam depois que Francisco sucedeu o mais sisudo Bento XVI.

Em 2023, o Óbolo de São Pedro arrecadou US$ 57 milhões (R$ 330 milhões), sendo US$ 53 milhões (R$ 302 milhões) oriundos de doações — mas gastou US$ 121 milhões (R$ 700 milhões), com o déficit coberto por recursos do patrimônio da Santa Sé. Quase 90% desse valor foi destinado a cobrir as despesas operacionais do Vaticano.

O futuro financeiro

O próximo Papa, por sua vez, enfrentará uma série de desafios financeiros, já que as reformas de Francisco continuam inacabadas. Ainda há disputas internas entre diferentes setores da Santa Sé e nem todas as finanças do Vaticano são transparentes. A Secretaria para a Economia — que inclui a APSA, mas não o IOR e nem o Estado da Cidade do Vaticano — registrou em 2023 um déficit orçamentário de US$ 75 milhões (R$ 435 milhões).  Seu patrimônio líquido caiu 6%, para US$ 4,6 bilhões (R$ 26,5 bilhões). Mais da metade desse montante vem da APSA, seu braço imobiliário, que registrou patrimônio líquido de US$ 3 bilhões (R$ 17,3 bilhões) em 2023.

Apesar dos lucros gerados pelos imóveis, a Secretaria ainda depende de doações externas para 45% de sua receita, além de uma pequena contribuição do Estado da Cidade do Vaticano — entidade que não publica relatórios anuais nem divulga o PIB do país.

O IOR, por sua vez, hoje administra recursos apenas de ordens religiosas, da Cúria Romana, dioceses, cardeais, fundações e funcionários e aposentados do Estado da Cidade do Vaticano. Em 2023, registrou lucro líquido modesto de US$ 34 milhões (R$ 195 milhões) e administrava US$ 6 bilhões (R$ 34,5 bilhões) em ativos para seus clientes católicos. Todos os investimentos devem ser “compatíveis com a fé”, respeitando os princípios da doutrina social da Igreja, a santidade e o respeito à vida humana e ao meio ambiente. Isso exige uma estratégia de investimento conservadora, com US$ 2,3 bilhões (R$ 13,2 bilhões) aplicados em títulos públicos e apenas US$ 55 milhões (R$ 315 milhões) em ações.

Outra preocupação importante para o próximo Papa será o Fundo de Pensões do Vaticano, que consiste nas contribuições dos funcionários do Vaticano. Francisco fez a primeira auditoria de todos os tempos há uma década e descobriu que o fundo tinha um déficit de 1,5 bilhão de euros (cerca de R$ 11,5 bilhões hoje). Ele propôs medidas para lidar com o problema, mas nada foi feito e o fundo continua no vermelho. De acordo com a auditoria mais recente, em 2022, o fundo de pensões tem um déficit de 631 milhões de euros (cerca de US$ 700 milhões, ou R$ 4 bilhões). Em uma carta escrita aos membros do Colégio dos Cardeais, em setembro, Francisco os exortou a fazer mais esforços para que o “‘déficit zero’ não seja apenas um objetivo teórico, mas uma meta realmente alcançável.”

E todas essas metas podem mudar com o próximo Papa. Embora os cardeais geralmente se dividam em dois grupos quando se trata de dogma religioso — tradicionalistas e progressistas — as divisões não são tão claras quando se trata de gestão financeira. Mesmo aqueles que administram suas próprias dioceses no “negativo” não estão familiarizados com os desafios únicos enfrentados por um Papa.

Novo “CEO”

Até que o próximo pontífice seja escolhido, o papa em exercício (o camerlengo) é o cardeal Kevin Farrell, de 77 anos, nascido em Dublin e naturalizado cidadão dos EUA, amplamente conhecido como o “resolver” financeiro do Vaticano, sem rodeios. Ele tem uma boa aptidão de CEO, mas nenhuma chance realista de se tornar o próximo Papa.

Os candidatos ao cargo de sucessor de Francisco variam desde conservadores radicais, como o cardeal Peter Turkson, de Gana, até o cardeal progressista Luis Antonio Tagle, das Filipinas. Muitos na Igreja, ainda preocupados com a perda de fiéis nos países em desenvolvimento, acham que talvez seja o momento de ter o primeiro Papa de alguma nação da Ásia ou África.

As probabilidades colocam o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, de 70 anos, como favorito para ser o próximo Papa, seguido pelo cardeal Tagle, o italiano Angelo Scola e o canadense Marc Quellet. No entanto, aqueles que estudam o Vaticano sabem que não é sábio prestar atenção demais às previsões. A eleição de Francisco provou que os conclaves papais são notoriamente imprevisíveis.

O reinado de Francisco demonstrou que, embora o carisma e uma visão convincente para a reforma sejam importantes, é igualmente necessário ter um Papa disposto a resistir à velha guarda. Enquanto a visão espiritual do próximo Papa determinará, em última instância, se ele será um líder eficaz da Igreja Católica, não subestime a importância de ele também ser um CEO rigoroso, sem rodeios — com um olho no céu e o outro na linha de fundo.

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