Vale (VALE3) recua mais de 2% após 1T25; é hora de comprar ou vender?

As ações da Vale (VALE3) recuavam mais de 2% nesta sexta-feira (25), depois de a companhia ter reportado um balanço do primeiro trimestre em parte avaliado como fraco. Analistas seguem com recomendação de compra ou manutenção dos papéis.

A empresa teve queda de 17% no lucro líquido, a US$ 1,39 bilhão, levemente abaixo do esperado. O Ebitda ajustado da companhia recuou 9%, US$ 3,11 bilhões, enquanto a receita líquida de vendas teve baixa de 4%, a US$ 8,11 bilhões.

Analistas já esperavam um resultado um pouco mais fraco – com a queda do preço do minério de ferro pesando sobre a receita – depois do relatório de produção e vendas.

No entanto, a geração de caixa no período acabou sendo uma surpresa negativa. O receio de parte do mercado, dizem os analistas, é de que isso possa impactar os dividendos.

“O momento não é dos melhores, mas o patamar atual é interessante, oferecendo uma margem de segurança e abrindo espaço para surpresas positivas”, disse o analista da Empiricus Research, Ruy Hungria.

“Não se trata de uma tese de alto crescimento, mas sim de um investimento com rendimento atrativo“.

O que houve com fluxo de caixa da Vale

Na comparação anual, o fluxo de caixa livre (FCF) da Vale caiu 78%, principalmente por conta da piora no capital de giro, que consumiu cerca de US$ 250 milhões — revertendo a contribuição positiva de US$ 1,5 bilhão registrada no primeiro trimestre de 2024.

A reversão foi causada pela menor conversão de caixa da Aliança Energia, fatores sazonais como bônus e recomposição de estoques, além do pagamento de US$ 2 bilhões em dividendos e JCP. Apesar da captação líquida de US$ 670 milhões, o caixa líquido caiu US$ 1,1 bilhão no trimestre.

A Genial Investimentos disse que o principal diferencial em relação as suas projeções foi o Capex abaixo do esperado, que somou US$ 1,2 bilhão, uma redução de 14,3% frente à estimativa da corretora. Esse menor desembolso ajudou na preservação do caixa operacional.

“Essa diferença pode estar relacionada a um ritmo mais lento nos investimentos em projetos em andamento, como Serra Sul +20, Briquetes Tubarão e Britador de Compactos S11D, que seguem avançando fisicamente, com 73%, 96% e 69% de progresso, respectivamente”, disse.

A Genial vê VALE3 como ação descontada, mantém recomendação de compra e preço-alvo de R$61,50, com potencial de alta de 11,2%.

Já a XP Investimentos mantém uma recomendação neutra para as ações da Vale, indicando que, apesar do potencial de valorização das ações não ser muito alto, há fatores que podem contribuir para um desempenho relativamente bom no curto prazo.

O que teve de positivo

A XP destaca que a Vale tem mostrado um desempenho positivo na sua divisão de transição energética, refletido por maiores preços realizados e receitas de subprodutos na divisão de Cobre.

Além disso, a recuperação dos resultados na divisão de Níquel também deve contribuir para um desempenho melhor da empresa.

Outro ponto positivo é o bom controle de custos nas Soluções de Minério de Ferro, com o custo C1/t (custo de produção por tonelada) caindo para US$ 21,0/t, o que representa uma redução de 4% em relação às expectativas da XP e uma queda de 11% em relação ao mesmo período do ano passado.

A Vale também reiterou o guidance para 2025, mantendo a previsão de custo de produção C1 entre US$ 20,5-22,0/t, o que é considerado competitivo, já que o custo foi de US$ 23,1/t no primeiro trimestre de 2025, uma redução de 7% em relação ao ano passado, disse a XP.

O Bradesco BBI diz que a a recente joint venture Aliança Energia, da qual a Vale deverá receber US$ 1 bilhão até o final do ano, deve contribuir para a empresa manter sua dívida líquida mais próxima do ponto médio da faixa-alvo de US$ 10 a 20 bilhões.

Isso é visto como um fator positivo para o fluxo de caixa da empresa e, por consequência, para a sua avaliação.

O banco reafirmou a recomendação de compra para as ações da mineradora.

Guerra comercial

A Vale monitora de perto questões relacionadas à guerra comercial, mas não vê impactos relevantes para as operações e vendas neste momento, disse nesta sexta-feira o presidente-executivo da mineradora, Gustavo Pimenta, durante teleconferência para comentar os resultados da companhia.

Executivos da mineradora também comentaram que consideram cedo para falar sobre impactos das disputas comerciais para os preços do minério de ferro, diante das incertezas.

Um executivo da companhia disse na teleconferência que se a China resolver incentivar a indústria doméstica, o que é possível em um mercado global eventualmente mais fraco, muito aço exportado pode ser destinado ao mercado chinês.

Segundo comentários realizados pelos executivos na teleconferência com analistas e investidores, a Vale avalia que este não é o momento de discutir dividendos extraordinários, considerando as incertezas.

*Com informações da Reuters

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