CPI das Bets: Daniel Pardim é solto após pagamento de fiança

Daniel Pardim no SenadoAgência Senado

A prisão de Daniel Pardim Tavares, convocado como testemunha na CPI das Bets, durou apenas sete horas. Segundo a defesa, o empresário não foi algemado, ficou aguardando numa sala da delegacia do Senado, e não foi tratado como preso.

A situação ocorreu logo após a relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), pedir a prisão de Pardim por falso testemunho. Por volta das 7 horas da noite desta terça-feira (29), o advogado Lucas Monteiro Faria colocou o cliente em liberdade. A família do detido pagou uma fiança de R$ 1.500,00.

“A prisão foi ilegal e inconstitucional. Em tese tanto na carta convite da CPI, quanto no habeas corpus, Daniel tinha o direito garantido do silêncio. Fizeram pressão psicológica e tortura para que que meu cliente se auto-incriminasse. Deram voz de prisão pra ele e, de imediato, também pedimos voz de prisão em desfavor a senadora Soraya, por abuso de poder”, disse o advogado, em entrevista exclusiva ao Portal iG.

Segundo Soraya, Pardim mentiu ao afirmar que não conhece Adélia de Jesus Soares, sua sócia na empresa Peach Blossom River Technology. Essa empresa é dona da Payflow, companhia que atua no setor de pagamentos para apostas on-line e que está sendo investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal por suspeita de lavagem de dinheiro e transferências ilegais.

“Ele começou mentindo desde o começo, dizendo que não conhece a sua sócio. Ele mentiu mais de três ou quatro vezes, e nós demos a chance, repetimos perguntas. Ninguém constitui uma sociedade com quem não conhece. Ele prestou o compromisso de dizer a verdade naquilo que não o incriminasse. Mas ele também não pode omitir questões conhecidas… Não é nenhum abuso de autoridade; se for, eu responderei por isso com a maior tranquilidade do mundo. O que nós não podemos permitir é esse desrespeito dentro de uma CPI da maior Casa legislativa do país”, afirmou a senadora. 

A defesa discorda e garante que Pardim é cozinheiro, e não empresário, como vem sido chamado. Afirma, ainda, que a testemunha tem graves problemas financeiros e cuida do filho com problemas de saúde.

“Daniel é cozinheiro, tem um filho com problemas graves de saúde. Daniel nunca viu e não sabe quem é essa senhora chamada Adélia. Meu cliente nunca teve contato com essa senhora, e o acusaram de serem sócios. Hoje, com essa milícia de crimes digitais, qualquer um pode ter os seus documentos fraudados e hackeados. Daniel não tem nenhuma relação com Bets, e nunca recebeu dinheiro destes jogos. Vamos entrar com um processo na OAB, fomos desrespeitados. Medidas serão tomadas para reverter esse teatro que estão fazendo nesta comissão”, afirmou o advogado.

A CPI continua ouvindo testemunhas ligadas ao setor de apostas esportivas e a supostos esquemas de fraude e lavagem de dinheiro. Adélia de Jesus Soares, suposta sócia de Pardim, também está na mira da CPI. Segundo o senador Dr. Hiran, ela foi convocada a prestar depoimento no mesmo dia, mas não compareceu, e deve ser conduzida de forma coercitiva.

Adélia é advogada da influenciadora Deolane Bezerra, que também não atendeu à convocação da comissão em 10 de abril.

CPI das Bets

A chamada “CPI das Bets” é uma Comissão Parlamentar de Inquérito instalada no Senado Federal com o objetivo de investigar os impactos e possíveis irregularidades no setor dos jogos virtuais de apostas on-line no Brasil.

O foco principal da comissão é apurar de que forma essas plataformas estão influenciando negativamente o orçamento das famílias brasileiras, especialmente diante do crescimento acelerado desse mercado nos últimos anos.

Além do aspecto econômico, os senadores também querem entender se há envolvimento de organizações criminosas utilizando essas plataformas para práticas ilícitas, como a lavagem de dinheiro e transações financeiras ilegais.

A CPI também está atenta ao papel dos influenciadores digitais, que muitas vezes promovem esse tipo de serviço nas redes sociais sem a devida transparência ou sem alertar o público sobre os riscos envolvidos.

A comissão tem 130 dias para concluir os trabalhos e conta com um orçamento de até R$ 110 mil para conduzir as investigações. Durante esse período, senadores devem convocar depoentes, solicitar documentos, ouvir especialistas e reunir indícios que possam justificar possíveis mudanças na legislação ou o encaminhamento de casos ao Ministério Público.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.