Microsoft aumenta preços do Xbox Series e jogos em todo o mundo

A Microsoft anunciou nesta quinta-feira (1) um aumento significativo nos preços dos consoles Xbox Series S e X, controles e outros acessórios em todo o mundo, com efeito imediato. A companhia também revelou que alguns de seus novos jogos first-party lançados a partir da temporada de férias de fim de ano passarão a custar US$ 79,99, um aumento de US$ 10 em relação ao que era praticado até agora. Em comunicado oficial, a empresa justificou a decisão com base nas “condições de mercado e no aumento dos custos de desenvolvimento”.

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O reajuste ocorre em um momento delicado do mercado de games, com as principais fabricantes de consoles enfrentando desafios econômicos, incluindo inflação persistente, problemas na cadeia de suprimentos e ameaças de tarifas comerciais. A Sony já havia aumentado os preços das assinaturas da PS Plus em vários mercados, enquanto a Nintendo surpreendeu ao anunciar que jogos premium para o Switch 2 custarão US$ 80 (até R$ 500 no Brasil), estabelecendo um novo teto de preços para o mercado.

No caso da Microsoft, o aumento vem logo após a divulgação dos resultados financeiros do terceiro trimestre fiscal de 2025, que mostraram um cenário misto para a divisão de games da empresa. Enquanto a receita geral do segmento cresceu 5%, impulsionada pelo Game Pass e títulos como Call of Duty e Minecraft, as vendas de hardware do Xbox continuaram em queda, apresentando redução de 6% em comparação ao mesmo período do ano anterior.


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Como novos preços afetam bolso do jogador

O reajuste mais expressivo afetou o Xbox Series X, que passou de US$ 499,99 para US$ 599,99, um aumento de US$ 100 (20%) nos Estados Unidos. O Xbox Series X na versão digital também sofreu a mesma alteração, agora custando US$ 549,99 (22% mais caro). Já o Xbox Series S teve um aumento de US$ 80, com o modelo de 512 GB passando para US$ 379,99 (26% mais caro) e a versão de 1 TB para US$ 429,99 (23%). A edição especial Galaxy Black do Xbox Series X de 2 TB foi a que sofreu o maior aumento absoluto: US$ 130, chegando ao valor de US$ 729,99 (alta de 21%).

Antigo console com o melhor custo-benefício da geração, Xbox Series S passou a custar US$ 379,99, o maior aumento de todos: 26% (Imagem: Divulgação/Microsoft)

Os controles wireless também não escaparam do reajuste. O modelo básico agora custa US$ 64,99, enquanto as edições especiais e limitadas podem chegar a US$ 89,99. O Elite Wireless Controller Series 2 na versão completa passou a custar US$ 199,99.

No Brasil, a Microsoft ainda não divulgou os novos valores, mas é esperado que o impacto seja ainda maior devido às taxas de importação e impostos locais. O Canaltech já entrou em contato com a assessoria da empresa, mas não teve retorno até o fechamento desta matéria.

Para os jogadores, esse aumento considerável se impõe como uma barreira para entrar ou se manter na plataforma Xbox. Com o console mais básico aproximando-se dos US$ 400 e jogos que chegarão a US$ 80, o custo total para ter uma cópia de jogo first-party do ecossistema ficou substancialmente mais alto, especialmente em mercados como o Brasil, onde a conversão direta de preços costuma ser amplificada por fatores econômicos locais.

Nova realidade da indústria de games

O movimento da Microsoft parece confirmar uma tendência que vinha sendo observada no mercado: a era dos jogos triple-A a US$ 60-70 está chegando ao fim. Com a Nintendo estabelecendo o preço de Mario Kart World em US$ 80 para o Switch 2 e agora a Microsoft seguindo o mesmo caminho, é provável que outras publicadoras terceirizadas também adotem esse novo patamar de preços, especialmente para títulos de grande orçamento. Há muito tempo essa realidade vem sendo debatida e muitos afirmam que GTA 6, que tem lançamento previsto para até o fim de 2025, irá sacramentar essa nova realidade.

A justificativa das empresas é consistente: o custo de desenvolvimento de jogos modernos cresceu exponencialmente, com orçamentos frequentemente ultrapassando a casa das centenas de milhões de dólares. Além disso, a inflação global e os desafios na cadeia de suprimentos têm pressionado as margens de lucro dos fabricantes de hardware nos últimos anos.

“Entendemos que essas mudanças são desafiadoras e foram feitas com cuidadosa consideração, dadas as condições de mercado e o aumento do custo de desenvolvimento”, afirmou a Microsoft em seu comunicado oficial. “Olhando para o futuro, continuamos focados em oferecer mais maneiras de jogar mais jogos em qualquer tela e garantir valor para os jogadores do Xbox.”

Próximos jogos first-party da Microsoft, como Doom: The Dark Ages, terão etiqueta de US$ 80 (Imagem: Divulgação/Xbox)

Resultados financeiros e estratégia de negócios

O timing do anúncio não parece ser coincidência. Na divulgação dos resultados financeiros do último trimestre, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, destacou que a empresa “encerrou o trimestre como a principal publicadora de games por pré-venda tanto na Xbox Store quanto na PlayStation Store“, evidenciando o sucesso de sua estratégia multiplataforma.

Os números mostram que, enquanto a receita de hardware do Xbox continua em queda, a divisão de conteúdo e serviços cresceu 8%, impulsionada principalmente por franquias como Call of Duty e Minecraft. O Game Pass também apresentou crescimento, com um aumento de 45% na receita do PC Game Pass em comparação ao ano anterior.

Assinaturas do Game Pass seguem com preço intocado, pelo menos por enquanto (Imagem: Canaltech)

Essa dinâmica ajuda a explicar por que a Microsoft optou por aumentar os preços dos consoles e jogos, mas manteve intactos os valores do Game Pass. A estratégia parece clara: compensar a queda nas vendas de hardware com margens maiores por unidade vendida, enquanto continua expandindo sua base de assinantes de serviços digitais, onde a empresa tem encontrado maior sucesso.

Contrastes com a Sony: diferentes prioridades, diferentes estratégias

A abordagem da Microsoft contrasta com a escolha recente da Sony, que optou por aumentar os preços das assinaturas PlayStation Plus em até 38% no Brasil (e causou muitas revoltas por isso), mas manteve os valores dos consoles e jogos. Enquanto a Microsoft prioriza manter o Game Pass acessível para expandir sua base de usuários, a Sony parece mais focada em maximizar a receita de seus serviços já estabelecidos.

Essa diferença de estratégias reflete como as duas empresas se posicionam no mercado. A Sony, com sua base instalada maior de consoles, pode se dar ao luxo de aumentar o preço de seus serviços sabendo que muitos consumidores já estão investidos em seu ecossistema. A Microsoft, por outro lado, precisa usar o Game Pass como diferencial competitivo para atrair jogadores, enquanto busca compensar as perdas com hardware através de preços mais elevados.

Embora ainda não saibamos quais valores serão praticados no Brasil, para os jogadores brasileiros, que já sofrem com preços elevados de produtos e serviços de tecnologia, esses reajustes são um novo obstáculo ao acesso aos videogames da atual e da próxima geração — especulada para 2027.

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