Segredo dos Maias | Restos em tigelas revelam como era feita a tinta “superazul”

Com métodos de pesquisa forense, cientistas do Museu de Campo de Chicago descobriram como produzir, alternativamente, um complicado pigmento do passado, a tinta Azul Maia. Descoberta pela ciência moderna em 1931, ela é muito difícil de se produzir — o mesmo pesquisador responsável pelo estudo recente, Dean Arnold, só foi capaz de elaborar um método para tal em 2008.

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O Azul Maia possui um tom azul celeste e era usado pela civilização de mesmo nome para acentuar objetos de cerâmica, murais e até sacrifícios humanos no período Pré-Clássico Tardio (300 a.C. – 300 d.C.). Incomum, a tinta é uma mistura de índigo orgânico com um mineral argiloso chamado paligorsquite. O tom azulado não esvanece com o tempo e nem sob as condições úmidas tropicais do sul do México e Guatemala, onde os maias se estabeleceram.

Descobrindo o Azul Maia

Originalmente, Dean Arnold, curador de antropologia do Museu de Campo de Chicago, juntou uma equipe para analisar traços do pigmento Azul Maia encontrados em cerâmica no fundo de um poço em Chichén Itzá. À época, em 2008, descobriu-se que a chave para o produto era um incenso sagrado chamado copal, que, misturado com índigo e paligorsquite sobre uma fogueira, virava a tinta.


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O Azul Maia era usado em cerâmicas, afrescos e até em pinturas de sacrifícios humanos — nesta réplica de máscara maia, uma aproximação do tom é vista (Imagem: Ronald Saunders/CC-BY-SA-2.0)
O Azul Maia era usado em cerâmicas, afrescos e até em pinturas de sacrifícios humanos — nesta réplica de máscara maia, uma aproximação do tom é vista (Imagem: Ronald Saunders/CC-BY-SA-2.0)

No encontro anual da Sociedade Americana de Arqueologia deste ano, no último dia 25 de abril, Arnold mostrou um segundo método para criar a vibrante tinta, também publicado no seu livro Maya Blue em 2024. O cientista examinou doze tigelas maias de Chichén Itzá e percebeu que resíduos brancos presentes eram, provavelmente, paligorsquite moída ainda molhada, o que teria deixado traços nas pequenas fraturas deixadas pelo pilão nos recipientes.

Com microscópio, análises revelaram pequenos ramos vegetais queimados, bem como sinais de aquecimento na parte de baixo das tigelas. Esse método, segundo Arnold, teria sido uma alternativa para a criação do Azul Maia. Ele acredita que o conhecimento sobre essa produção era reservado a especialistas, como os sacerdotes da época.

Ele também associa a cor ao deus maia da chuva, Chaac, ao qual eram dedicados sacrifícios em época de seca. A equipe planeja, no futuro, estudar microscopicamente os restos de plantas para tentar determinar a espécie usada.

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