Fungo da pele pode ajudar a combater superbactéria mortal

Malassezia sympodialisWikipedia

Um fungo comum na pele humana pode ser uma arma poderosa para combater uma das superbactérias mais letais do mundo. A levedura Malassezia sympodialis, que domina o microbioma da pele saudável, pode ajudar a controlar infecções causadas pela bactéria Staphylococcus aureus (S. aureus).

A descoberta está em uma pesquisa liderada por cientistas da Universidade do Oregon (UO) e publicada na revista Current Biology. O estudo revelou que o fungo, ao limpar o óleo e a gordura da pele, produz um ácido graxo que interrompe o crescimento da bactéria.

De acordo com a revista Science Alert, a Staphylococcus é uma bactéria comum em nossa pele, mas quando ela se multiplica descontroladamente ou atinge os tecidos e a corrente sanguínea, pode causar infecções graves e letais.

Os pesquisadores descobriram que o ácido produzido pela Malassezia impede a colonização excessiva do S. aureus. Segundo a Science, infecções de pele e tecidos moles causadas pela bactéria são responsáveis por cerca de 500 mil hospitalizações anuais nos Estados Unidos.

O risco é ainda maior porque o S. aureus pode se tornar resistente a todas as classes de antibióticos disponíveis, exigindo a busca constante por novas alternativas terapêuticas.

Substância contra o inimigo invisível

A revista Science destaca que a autora principal do estudo, a bióloga evolucionista Caitlin Kowalski, destaca que o composto identificado é o ácido 10-hidroxi palmítico (10-HP), já conhecido, mas cujo potencial antimicrobiano pode ter sido subestimado. Isso porque o ácido só libera seus efeitos tóxicos em ambientes de pH baixo, como a pele, mas não em condições normais de laboratório.

Com biópsias de pele humana, a equipe comprovou que o 10-HP é produzido pela Malassezia sympodialis. Em testes laboratoriais, a maioria das cepas de S. aureus apresentou redução de viabilidade superior a 100 vezes após duas horas de exposição à levedura.

Entretanto, os cientistas observaram que o S. aureus pode desenvolver resistência ao ácido, de forma semelhante ao que ocorre com antibióticos clínicos. Já outras espécies de Staphylococcus, que não representam riscos graves, demonstraram ter estratégias para coexistir com o fungo.

Segundo os autores, a presença ampla da Malassezia no microbioma da pele de mamíferos sugere que seu papel na resistência à colonização de patógenos ainda é pouco compreendido. Kowalski pretende agora investigar os mecanismos genéticos que permitem à bactéria evoluir rapidamente para escapar de agentes antimicrobianos.

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