Após prejuízo bilionário, CEO da AMD defende equilíbrio entre segurança nacional e comércio internacional

Um dia depois de registrar uma baixa contábil de US$ 800 milhões em estoques e projetar perdas de até US$ 1,5 bilhão no ano, a CEO da AMD, Lisa Su, fez um apelo por equilíbrio nas políticas de exportação dos Estados Unidos.

Em entrevista à CNBC, a executiva defendeu que os controles impostos pelo governo americano sobre chips avançados precisam ser ajustados para não comprometer a competitividade das empresas nacionais no cenário global.

Crescimento chinês preocupa líderes do setor

Segundo Su, embora a segurança nacional deva ser preservada, restringir severamente o acesso a mercados estratégicos como o da China — o maior do mundo para semicondutores — pode trazer efeitos colaterais preocupantes.

Deve haver um equilíbrio entre os controles de exportação voltados à segurança nacional e a garantia de que nossa tecnologia tenha a maior adoção possível. Isso é bom para os empregos e para a economia dos Estados Unidos

Lisa Su, CEO da AMD

A declaração vem na esteira de um posicionamento semelhante feito por Jensen Huang, CEO da NVIDIA, que também alertou os legisladores norte-americanos sobre os riscos de sanções excessivas.

Huang, cuja empresa lidera o mercado global de computação em IA, destacou que as restrições podem acelerar o desenvolvimento de ecossistemas alternativos fora dos EUA, principalmente na China.

Divulgação/AMD

Alternativas chinesas ganham força

Empresas como Huawei, Biren Technology, InnoSilicon e Moore Threads já estão desenvolvendo processadores de inteligência artificial capazes de competir com os produtos americanos.

A Huawei, por exemplo, criou sua própria plataforma de software para IA, a CANN, uma alternativa completa ao ecossistema CUDA da NVIDIA, voltada para os chips Ascend e servidores CloudMatrix 384.

Apesar dos desafios de compatibilidade e usabilidade enfrentados atualmente por esses concorrentes, especialistas apontam que eles podem se fortalecer rapidamente se empresas como AMD e NVIDIA forem impedidas de atuar nesses mercados.

A ausência das gigantes americanas facilitaria a consolidação de padrões tecnológicos locais, minando a hegemonia dos Estados Unidos no setor de inteligência artificial.

A ausência das empresas americanas no mercado asiático pode abrir caminho para que padrões alternativos prosperem, ameaçando a liderança tecnológica dos EUA

Impacto direto na AMD

Embora menor que a NVIDIA no mercado de IA, a AMD tem investido pesado para se tornar uma das protagonistas do setor. Por isso, mesmo sendo menos afetada no curto prazo pelas sanções, a companhia também teme os efeitos de longo prazo.

O prejuízo recente demonstra que, em parte, a incerteza gerada pelas restrições de exportação é pela dificuldade em acessar mercados importantes como o chinês.

Lisa Su reforçou que a adoção global das tecnologias americanas depende da capacidade das empresas de competir livremente em mercados estratégicos. Para ela, políticas rígidas demais podem provocar um efeito reverso: em vez de proteger a liderança dos EUA, acelerariam a formação de um ecossistema tecnológico rival.

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Padrões tecnológicos em jogo

No centro da discussão está uma disputa ultrapassa o âmbito da venda de chips: trata-se da definição dos padrões que guiarão o desenvolvimento de IA no mundo.

Su e Huang destacam que, ao impedir a presença das empresas americanas em mercados como o chinês, os EUA correm o risco de permitir que outras nações estabeleçam seus próprios referenciais (potencialmente incompatíveis com os atuais) e desafiem o domínio tecnológico de Washington.

Fonte: CNBC

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