Crânios cortados | Arqueólogos descobrem antigo ritual maia bastante incomum

Antropólogos da Universidade Ocidental de Ciências da Saúde, nos Estados Unidos, estudaram diversos restos mortais cheios de marcas de ferimentos na Guatemala, com até 2.000 anos de idade, e descobriram rituais maias bastante diferenciados. Tendo pertencido a centenas de pessoas, os ossos fragmentados teriam sido oferecidos em rituais para aplacar os deuses durante estações de seca.

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Os ossos foram encontrados ainda nos anos 1990, no sítio arqueológico de Dos Pilas, na cidade guatemalteca de Petén. Mais de uma dezena de cavernas na região foram usadas pelos maias entre 400 a.C. e 250 d.C., especialmente a Cueva de Sangre, onde muitos ossos humanos com marcas de feridas no momento da morte foram encontrados.

Rituais maias para a seca

Os pesquisadores responsáveis apresentaram seus resultados na conferência anual da Sociedade de Arqueologia Americana no último dia 24 de abril, mostrando as evidências que levaram à descoberta de que a caverna em questão era usada para sacrifícios rituais. Um dos sinais é a presença dos ossos na superfície, e não enterrados, bem como os ferimentos, que sugerem desmembramento ritual.


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O fragmento de um crânio maia encontrado na caverna: seu estado indica o uso de uma ferramenta como uma machadinha para corte em ritual (Imagem: Michele M. Bleuze)
O fragmento de um crânio maia encontrado na caverna: seu estado indica o uso de uma ferramenta como uma machadinha para corte em ritual (Imagem: Michele M. Bleuze)

Um dos crânios, por exemplo, mostra marcas do uso de uma ferramenta com ponta chanfrada, como uma machadinha, um sinal semelhante ao encontrado no osso do quadril de uma criança. Ambos parecem ter sido feitos no momento da morte. Alguns restos humanos também estavam dispostos de uma maneira não-anatômica, como quatro crânios empilhados em um canto da caverna. A alta densidade de restos mortais e a presença de materiais rituais, como ocre vermelho e lâminas de obsidiana, completam as evidências.

Cueva de Sangre só pode ser acessada por uma pequena aberta que leva a uma piscina d’água — na maior parte do ano, ela fica alagada. O fato de que só é possível chegar a ela durante a estação seca (entre março e maio) reforça o significado do sacrifício. Os cientistas, apesar das conclusões, ainda planejam estudar mais os ossos, fazendo análises de DNA e outros estudos para revelar em detalhes os segredos da caverna.

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