Carro parado: cuidados para não deixá-lo ‘apodrecer’ na garagem

Deixar um carro parado por semanas ou meses pode parecer inofensivo, mas a inatividade prolongada é prejudicial a diversos componentes. Carros são projetados para rodar, e a não utilização é considerada uso severo pelas fabricantes, podendo até causar desgastes prematuros aos veículos. 

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O CT Auto preparou uma lista com dicas para quem deixa o carro parado por muito tempo na garagem, visando preservar sua condição, evitar reparos custosos e garantir uma partida segura quando for necessário utilizá-lo novamente. Abordaremos os principais pontos de atenção e procedimentos que devem ser realizados para aumentar a vida útil do veículo.

Pontos de atenção em carros sem uso

A falta de uso regular afeta múltiplos sistemas do veículo. Compreender quais componentes são mais vulneráveis é o primeiro passo para uma preservação adequada.


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Bateria

A bateria é um dos primeiros componentes a sofrer. Mesmo com o carro desligado, ela sofre descarga espontânea, perdendo carga naturalmente com o tempo. O calor também contribui para isso.

Além disso, o carro também consome uma pequena quantidade de energia para manter sistemas como alarme e memória da injeção eletrônica. Sem a recarga natural fornecida pelo alternador com o motor em funcionamento, a bateria descarrega progressivamente, podendo sofrer danos irreversíveis se a tensão cair muito. 

Por isso é sempre importante ligar o veículo quando ele fica parado por muito tempo. Mesmo que seja dentro da própria garagem. 

Pneus

Ao ficar parado, a pressão interna do pneu diminui. Essa redução combinada com o peso do veículo concentrado sempre no mesmo ponto da banda de rodagem pode causar deformações permanentes (conhecido como flat spotting), resultando em vibrações e desconforto ao dirigir, além de comprometer a segurança.

O material utilizado para a fabricação de pneus também sofre desgastes prematuros com a não utilização do carro. A borracha pode oxidar, ficando quebradiça e forçando uma troca antes do fim da vida útil indicada pela fabricante.

Pneu de carro murcho
É sempre um perigo rodar com os pneus descalibrados (Imagem: Freepik/Divulgação)

Fluidos

Óleo do motor, fluido de freio, líquido de arrefecimento e fluido da direção hidráulica podem se degradar ou absorver umidade com o tempo, mesmo sem uso. O óleo pode perder propriedades lubrificantes, o fluido de freio pode absorver água (reduzindo a eficiência da frenagem) e o líquido de arrefecimento pode perder suas propriedades anticorrosivas.

Combustível 

Gasolina e etanol também são componentes que se deterioram com o tempo. A gasolina pode oxidar e formar gomas e vernizes que obstruem bicos injetores e a bomba de combustível. O etanol tende a absorver água, o que pode causar corrosão no tanque e problemas na partida.

Borrachas e Mangueiras

Componentes de borracha, como mangueiras do sistema de arrefecimento, vedantes e palhetas do limpador de para-brisa, podem ressecar e rachar devido à falta de lubrificação natural (movimento e fluidos circulando) e à exposição a variações de temperatura e umidade.

É a mesma situação dos pneus. Com a baixa quantidade de uso, os materiais começam a passar por deteriorações prematuras.

Carros abandonados na rua
É muito comum encontrarmos carros abandonados pelas ruas brasileiras (Imagem:Freepik/Divulgação)

Sistema de Ar-Condicionado

Ao não utilizar o ar-condicionado do seu veículo, você pode danificar alguns componentes. A mangueiras e vedantes ressecam pela falta de uso, assim como o compressor, que passa a ter menos lubrificação, gerando desgaste.

O acúmulo de poeira e outros tipos de sujeira também é um grande problema. Isso causa mau cheiro no sistema, além de reduzir a eficiência do ar.

Pintura e Interior

Acúmulo de poeira, dejetos de pássaros, seiva de árvores e até raios solares podem danificar a pintura. As manchas criadas são praticamente irreversíveis, nem mesmo com polimento elas saem. É necessária uma repintura para isso. 

O interior também não está de fora. A falta de ventilação pode favorecer odores desagradáveis e mofo, especialmente em locais úmidos. E torça para que nenhum animal ou inseto entre na cabine do seu veículo. 

Carro com marcas de sujeira na rua
Há manchas que não saem de forma alguma da lataria (Imagem: Freepik/Divulgação)

Dicas para o carro parado não apodrecer

Apesar de parecer trabalhoso, cuidar de um carro parado é muito mais fácil do que você deve imaginar. É sempre bom lembrar: prevenir é melhor do que remediar. 

A frequência ideal para realizar alguns destes procedimentos pode variar, mas geralmente são recomendados para períodos de inatividade superiores a duas ou três semanas.

Bateria

  • Desconecte o cabo negativo da bateria para interromper o consumo residual de energia.
  • Considere o uso de um carregador de bateria inteligente (flutuante), que mantém a carga ideal sem sobrecarregar.
  • Se possível, ligue o motor do carro por cerca de 15-20 minutos a cada 1-2 semanas para que o alternador recarregue a bateria.

Pneus

  • Calibre os pneus com a pressão máxima recomendada pelo fabricante (geralmente indicada na etiqueta da porta do motorista ou manual) para minimizar a deformação.
  • Se o carro for ficar parado por muitos meses, mova-o alguns centímetros para frente ou para trás a cada 15 dias para mudar o ponto de apoio dos pneus.
  • Para períodos extremamente longos, considere o uso de cavaletes para suspender o veículo, aliviando o peso sobre os pneus.

Combustível

  • O ideal é deixar o tanque o mais cheio possível, especialmente com gasolina. Isso reduz o espaço para condensação de umidade e a evaporação de componentes voláteis.
  • Utilize um aditivo estabilizador de combustível, seguindo as instruções do produto, para prolongar a vida útil da gasolina ou etanol e prevenir a formação de depósitos.

Fluidos

  • Verifique os níveis de todos os fluidos antes de parar o carro.
  • Se o período de inatividade for muito longo (mais de 6 meses), considere trocar o óleo do motor e o filtro antes de guardar o veículo, pois o óleo usado contém contaminantes ácidos que podem ser corrosivos. O fluido de freio também pode precisar de atenção especial devido à sua higroscopicidade (absorção de umidade).
Troca de óleo motor
Há fabricantes que indicam a troca de óleo do carro a cada 5.000 km para quem roda pouco (Imagem: Freepik/Divulgação)

Limpeza e Proteção

  • Lave e encere o carro antes de guardá-lo para proteger a pintura.
  • Limpe bem o interior para evitar odores e mofo. Não deixe restos de comida.
  • Utilize uma capa automotiva de material respirável se o carro for ficar em ambiente externo ou sujeito a muita poeira. Evite capas plásticas que retêm umidade.

Partida Periódica

  • Além de carregar a bateria, ligar o motor periodicamente (a cada 1-2 semanas) ajuda a circular os fluidos (óleo, arrefecimento) e lubrificar componentes internos do motor e transmissão.
  • Acione também o ar condicionado por alguns minutos durante essas partidas para manter os vedantes lubrificados e o sistema em ordem.

O que fazer antes de voltar a usar o carro

Antes de voltar a usar um carro que ficou parado por muito tempo:

  • Inspeção Visual: Verifique se há vazamentos sob o veículo, ninhos de roedores no compartimento do motor ou danos visíveis em mangueiras e correias.
  • Bateria: Reconecte ou recarregue a bateria, se necessário.
  • Pneus: Calibre os pneus para a pressão correta de uso. Verifique se há deformações ou rachaduras.
  • Fluidos: Verifique os níveis de óleo, líquido de arrefecimento e fluido de freio. Se estiverem baixos ou com aparência estranha (contaminados, leitosos), complete ou considere a troca antes de ligar.
  • Partida: Dê a partida sem acelerar. Deixe o motor funcionar em marcha lenta por alguns minutos para que o óleo circule e lubrifique todas as partes antes de exigir esforço. Observe asluzes de advertência no painel.
  • Primeiros Quilômetros: Dirija com cuidado nos primeiros quilômetros, atento a ruídos estranhos, vibrações (pneus deformados) ou comportamento anormal dos freios.

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