Correios registram prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, aponta demonstração financeira


Este é o primeiro prejuízo bilionário da estatal desde 2016. Demonstração financeira foi publicada nesta sexta-feira (9). Placa dos Correios.
Reprodução
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, os Correios, publicou no Diário Oficial da União desta sexta-feira (9) a demonstração financeira referente ao ano de 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões.
O déficit neste ano é quatro vezes maior do que o registrado no ano passado, quando o prejuízo registrado foi de R$ 597 milhões.
🔎O termo “déficit” significa que o gasto somado dessas estatais foi maior que a receita que elas conseguiram gerar no ano.
Esta é a primeira vez, desde 2016 que os Correios apresentam um prejuízo bilionário em suas operações. À época, a empresa teve prejuízo de R$ 1,5 bilhão (R$ 2,3 bilhões em valores atualizados).
Em janeiro, quando o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) apresentou o resultado do 3º trimestre das empresas estatais, os Correios estavam com um prejuízo de R$ 3,2 bilhões, que foi ligeiramente reduzido no último trimestre.
Puxado pelos Correios, estatais têm pior déficit da série histórica
Na época, o ministério afirmou que durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro os Correios deixaram de investir, encerraram contratos e perderam receita ao serem incluídos no Plano Nacional de Desestatização e que por isso vinham apresentado sucessivos lucros.
Frustração de receitas
Em abril, um estudo produzido pela empresa apontou uma frustração de receita de R$ 2,2 bilhões em função do fim da isenção de imposto sobre importações de até US$ 50 dólares.
Presidente dos Correios, Fabiano Silva
José Cruz/Agência Brasil
Recentemente, o presidente da empresa, Fabiano Silva, afirmou ponderou que a mudança na lei em 2024 permitiu, ainda, que outras empresas de transportes façam o frete pelo Brasil de mercadorias internacionais, o que resultou na diminuição do domínio dos Correios sobre esse tipo de serviço.
“A gente tinha uma participação nesse segmento internacional em torno de 98% de mercado, ou seja, quase dominante, quase exclusivo nesse mercado. No mês de janeiro, a gente está em torno de 30 e poucos por cento”, criticou.
Segundo o documento, antes de ela entrar em vigor, os Correios estimavam arrecadar R$ 5,9 bilhões com o transporte de mercadorias importadas da China em 2024. Entretanto, com o surgimento da lei, o total efetivamente arrecadado foi de R$ 3,7 bilhões, ou R$ 2,2 bilhões a menos.
“A essa altura [em referência a 2024], os operadores [as empresas que vendem, tipo Shein, Aliexpress e Amazon] avançaram na estruturação de operações próprias e, com isso, iniciou-se, também, um movimento de migração de carga para esses canais. Como efeito prático, os Correios começaram a perder participação no mercado”, afirma o estudo.
Correios vão lançar marketplace próprio
Para ajudar a contornar a situação, os Correios assinaram em abril uma parceria para lançar um marketplace próprio com o objetivo de trazer novas receitas para a estatal.
“Somos o primeiro e único marketplace brasileiro capaz de realizar entregas, com estrutura própria, em qualquer lugar do país, democratizando o acesso ao comércio digital”, afirmou Fabiano.
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