Mais do que fã, investidor: diversificação com royalties de música pode virar hit, se o artista não desafinar

Nas últimas semanas, dois assuntos envolvendo dinheiro e música chamaram a atenção dos investidores. Primeiro, o Spotify anunciou que distribuiu o valor recorde de royalties: US$ 10 bilhões. Isso só em 2024, o que significou um aumento de 11% sobre em 2023. A direção do streaming, então, afirmou que “este é o maior pagamento da história da indústria fonográfica”.

Depois foi a vez da gestora americana Carlyle Group fechar a venda de US$ 464 milhões em títulos de dívida, garantidos por direitos musicais de artistas como Katy Perry, além de Keith Urban e Benny Blanco.

A operação teve procura três vezes maior do que o valor ofertado. E olha que as condições levavam em conta o vencimento para daqui a 40 anos, e carteira lastreada por direitos musicais de US$ 750 milhões.

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Marília Mendonça

Os americanos estão assistindo a um crescimento desse tipo de papel. Por aqui, isso é uma novidade que vem ganhando fôlego. Tanto que já há nomes disponíveis no mercado brasileiro, como Toquinho e Marília Mendonça.

O negócio funciona como qualquer outro fundo de investimento: o gestor compra os direitos sobre uso dos artistas que devem permanecer no topo das paradas por mais alguns anos. Ele agrupa os famosos em títulos, que são repassados para os investidores. Os juros, no caso, são baseados no que cada artista render.

Assim, o Spotify, ou qualquer outro streaming, e até o YouTube, paga royalties para a gestora, que repassa para os investidores.

O risco do floap

Se por um lado esse tipo de investimento diversifica a carteira do investidor, por outro ele tem embutido riscos que nem mesmo o artista consegue controlar, que é o hip. No dia em que o cantor ou a banda deixar de fazer sucesso, o investidor para de ganhar dinheiro. Neste caso, é importante ter cantores de estilos diferentes na carteira. 

Outro risco apontado pelos especialistas é de uma possível mudança nas regras das plataformas. Se amanhã ou depois a Apple Music reduzir os pagamentos dos artistas, o investidor também vai ganhar menos.

Há ainda a questão de os fãs passarem a consumir música de uma outra forma, que não via streaming. Um exemplo é o Tik Tok. Neste caso, o consumo não é contabilizado. Se isso virar uma febre, o investidor também estará caminhando para o fracasso.

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