Escavação busca cemitério desaparecido há 200 anos com 100 mil mortos na Bahia

A pesquisadora e doutoranda em urbanismo na Universidade Federal da Bahia (UFBA) Silvana Olivieri busca um cemitério desaparecido em Salvador, capital da Bahia, há 200 anos. No local eram enterrados pessoas marginalizadas, como prostitutas, excomungados e condenados à morte, bem como escravizados, podendo totalizar até 100 mil cadáveres.

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O cemitério esteve em atividade entre o final do século XVII e 1844, e foi descoberto por Olivieri ao consultar mapas da capital baiana e documentos históricos. Um mapa do século XVIII mostrava a localização do terreno no Complexo da Pupileira, que hoje pertence à Santa Casa da Bahia.

A busca pelo cemitério desaparecido

Olivieri se juntou ao professor Samuel Vida, da Faculdade de Direito da UFBA, e enviou um dossiê em conjunto sobre o cemitério ao Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), buscando auxílio para pesquisa arqueológica no local.


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Mapa de Salvador no século XVIII, onde Olivieri encontrou indicações da localização do cemitério perdido (Imagem: Universidade Federal da Bahia)
Mapa de Salvador no século XVIII, onde Olivieri encontrou indicações da localização do cemitério perdido (Imagem: Universidade Federal da Bahia)

Com intermediação do Ministério Público da Bahia com a Santa Casa, os pesquisadores conseguiram autorização para as buscas, que começam nesta quarta-feira (14), aniversário da Revolta dos Malês. O trabalho será feito com a coordenação da arqueóloga e antropóloga Jeanne Dias.

Ocorrendo em 1835, a Revolta dos Malês foi uma rebelião de escravizados muçulmanos representando a maior fora da África, e Olivieri crê que os restos dos que foram mortos na supressão da revolta possam estar enterrados no cemitério perdido. Após seu encontro, o local poderá se tornar um sítio arqueológico, sendo protegido por órgãos públicos a partir daí. Os trabalhos de prospecção irão até o dia 22 de maio, e foram marcados por um ato inter-religioso em respeito aos mortos do local.

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