Ele Prefere os Grandes: a Obsessão de Trump por Jatos Jumbo

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Donald Trump tem inveja de aviões. “Você olha para alguns países árabes, e os aviões que eles têm estacionados ao lado do avião dos Estados Unidos — parece que são de outro planeta,” ele comentou, maravilhado, na segunda-feira. Para compensar, Trump agora está considerando aceitar um avião do Catar, uma monarquia rica em energia que há muito tempo tenta conquistar o presidente americano. “Um gesto muito legal,” disse Trump.

Também é um gesto que apela diretamente ao ego de um bilionário que há muito prefere aviões gigantescos, personalizando aeronaves grandes demais para pousar em alguns aeroportos, ao contrário dos jatos mais ágeis que a maioria dos executivos prefere. Os aviões de Trump, por mais pouco práticos que sejam, definitivamente fazem uma declaração. “Do ponto de vista do ego, olha, você pousa com uma aeronave dessas,” diz o especialista em aviação George Reenstra, “você pode interpretar isso como quiser.” Alan Marcus, consultor de comunicação que costumava viajar no antigo Boeing 727 de Trump, interpreta assim: “É uma extensão de quem tem o maior pênis.”

Aquisições de Trump

No final dos anos 1980, quando Donald Trump fazia todo tipo de compra motivada pelo ego, como o Plaza Hotel e um time profissional de futebol americano, ele comprou parte da problemática Eastern Airlines e a transformou na Trump Shuttle, um serviço que ligava Nova York, Boston e Washington, D.C.

O negócio fracassou, mas Trump comprou um dos Boeing 727 da empresa e o transformou em seu jato particular. O avião de Trump combinava com a época — poltronas vermelhas de veludo, mesas de madeira nobre, quadros com molduras grossas. “Sempre parecia bonito,” diz Marcus. “Mas, por exemplo, ele não tinha abafadores de ruído, então não podíamos pousar em LaGuardia depois, acho que, das 23 horas. E lembro da primeira vez que entrei no avião, pensei, ‘O que mais está faltando?’”

Trump, cujos representantes não responderam a um pedido de comentário, decidiu fazer um upgrade. Em 2008, ele procurou o corretor Ben Sirimanne, interessado em um Boeing 767. Sirimanne apontou que seria difícil pousar em alguns lugares com ele. “Então ele disse: ‘Tudo bem, me arrume um 757,’” conta Sirimanne, referindo-se a um modelo um pouco menor, mas que ainda era grande demais para pousar em qualquer aeroporto. O corretor apresentou Trump a um amigo, que conseguiu o avião do cofundador da Microsoft, Paul Allen: um Boeing 757 de 1991.

Antes de comprar o avião, Trump contatou outro profissional da aviação, Eric Roth, especialista em customizar interiores de jatos particulares, enviando-o para inspecionar o avião e trazer fotos. Trump fechou o negócio e começou a reformar o interior, gastando cerca de 37 milhões (R$ 210,16 milhões) no avião. “Como desenvolvedor, você costuma ter vários arquitetos e designers na equipe ou, pelo menos, à disposição,” diz Roth. “Neste caso, não foi nada disso. Foi só eu e ele.”

Extravagância

Inspirado pelo apartamento de Trump, Roth criou um projeto com mármore, tons creme e muito ouro. Até os fechos dos cintos receberam uma camada de ouro 24 quilates. Trump queria uma TV grande, com um ótimo sistema de som, para assistir a filmes. Ele gostou da ideia do brasão da família bordado nos encostos das poltronas. E teve um pedido de jantar inusitado: “Um espaço na cozinha para Oreos,” ri Roth. “Eu falei para ele: ‘Sr. Trump, sério?’ Ele respondeu: ‘Eu adoro Oreos.’”

Trump ainda é dono do avião. Ele usou o Air Force One durante seu primeiro mandato, depois fez o upgrade do 757 enquanto estava fora do cargo, adicionando, entre outras extravagâncias, uma bandeira americana grande na cauda. O “Trump Force One”, como seus fãs às vezes chamam, se tornou uma fonte de dinheiro durante a corrida presidencial de 2024, com a campanha de Trump canalizando mais de US$ 5 milhões (R$ 28,4 milhões) de doações para seus negócios enquanto ele voava pelo país.

Enquanto isso, no Catar, os líderes do país têm tentado se desfazer de dois dos seus três Boeing 747, cada um comprado por  US$ 200 milhões (R$ 1,136 bilhão) e reformados com mais de US$ 200 milhões (R$ 1,136 bilhão) em melhorias VIP, segundo Sirimanne, que foi contratado pela petromonarquia para ajudar na venda dos jatos.

Todo esse investimento deixou os aviões em ótimo estado, com interiores exatamente do tipo que poderia interessar a Trump — muito creme, um pouco de madeira, talvez não tanto ouro quanto ele gostaria. Em 2018, o Catar presenteou um dos aviões — que conta com dois quartos completos com banheiros privativos, três cozinhas, um escritório e várias salas de estar — para Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia.

“O segundo avião estava apenas parado, esperando para ser vendido,” diz Sirimanne. Os catarianos queriam US$ 275 milhões (R$ 1,562 bilhão) por ele, conta. “Eu trouxe duas ofertas de cerca de US$ 200 milhões (R$ 1,136 bilhão) cada, e eles recusaram as duas.”

Então, eles tiveram uma ideia diferente, talvez mais valiosa. “Eles simplesmente decidiram,” diz Sirimanne, “que é melhor dar de presente para Trump do que continuar pagando pela manutenção.”

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