Por que os medicamentos para obesidade estão ficando mais baratos — e também mais caros

Uma nova classe de medicamentos para perda de peso, conhecidos como GLP-1, provou ser revolucionária para pessoas com obesidade. Eles também estão gerando bilhões de dólares para as empresas farmacêuticas que os desenvolveram, como a Eli Lilly e a Novo Nordisk.

Os altos preços desses remédios, juntamente com a cobertura inconsistente dos planos de saúde, fazem com que sejam inacessíveis para muitas pessoas.

No entanto, isso está começando a mudar, já que a Eli Lilly e a Novo oferecem versões com desconto para pacientes, cujo plano de saúde não cobre os medicamentos.

Além disso, uma grande gestora de benefícios farmacêuticos fechou um acordo com a Novo Nordisk que poderia tornar o tratamento da obesidade mais barato para os planos de saúde.

Ao mesmo tempo, a redução da escassez dos principais medicamentos para obesidade, o Zepbound, da Lilly, e o Wegovy, da Novo Nordisk, significa que as empresas de telemedicina não podem vender versões mais baratas.

Pacientes que dependiam dessas versões podem agora ter que pagar mais caro por produtos de marca. E novas pesquisas sugeriram que o Zepbound foi mais eficaz em ajudar as  pessoas a perder peso e eliminar a gordura abdominal.

Preços de remédios para perda de peso

Há diversas mudanças comerciais e políticas que afetam os preços dos medicamentos para emagrecimento. Especificamente, tanto a Lilly quanto a Novo Nordisk passaram a oferecer preços à vista mais baixos para seus medicamentos para pessoas sem plano de saúde.

Mas os medicamentos ainda custam centenas de dólares por mês para quem paga do próprio bolso, tornando-os inacessíveis para muitas pessoas.

Ao mesmo tempo, como a oferta desses medicamentos não estão mais escassa, os reguladores pararam de permitir que farmácias de manipulação vendessem cópias, que normalmente eram muito mais baratas do que os medicamentos de marca.

Além disso, a Novo Nordisk reduziu o preço do Wegovy para determinados planos de saúde que utilizam a Caremark, unidade de benefícios farmacêuticos da CVS Health Corp., para gerenciar seus planos de medicamentos.

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Além da redução no preço do Wegovy, esses planos não cobrirão mais o Zepbound da Lilly. Isso não significa que o Wegovy será mais barato (embora mais pacientes possam ter acesso); o valor pago depende das especificações do plano de saúde. Mas os pacientes podem ter que pagar mais pelo Zepbound ou perder completamente a cobertura do plano para o medicamento, a menos que obtenham uma isenção especial.

Embora alguns usuários do Zepbound possam não se importar em mudar para o Wegovy, outros podem preferir o regime medicamentoso atual, especialmente depois que uma pesquisa financiada pela Lilly deu ao Zepbound uma vantagem.

Os dois medicamentos funcionam de forma ligeiramente diferente e são aprovados para patologias diferentes, além de tratar a obesidade.

Plano de saúde

Muitos pacientes não têm ou perderam a cobertura de medicamentos de alto custo que os planos de saúde que se recusam a cobrir, fazendo com que os consumidores tenham que pagar do próprio bolso ou buscar versões manipuladas.

Cerca de 44% dos grandes empregadores cobrem os medicamentos para perda de peso, mas quase todos restringem a cobertura àqueles que atendem a certos critérios rigorosos, de acordo com a Pesquisa Nacional de Planos de Saúde Patrocinados por Empregadores de 2024 da Mercer.

O Medicare, o plano de saúde do governo para americanos com 65 anos ou mais, não cobre medicamentos para perda de peso. O governo do presidente Joe Biden propôs uma regra exigindo que o Medicare o fizesse, mas o governo Trump rejeitou o plano em abril, o que daria a milhões de americanos mais velhos acesso aos medicamentos e custaria bilhões de dólares ao governo.

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Como os remédios de perda de peso funcionam

Tanto a Lilly quanto a Novo tiveram dificuldades para atender à demanda por vários anos após o lançamento dos medicamentos. No início de 2025, a escassez de suprimentos foi amplamente resolvida, de acordo com a Food and Drug Administration(FDA) dos EUA.

O Zepbound e o Wegovy ajudam na perda de peso, ao imitar um hormônio intestinal que controla o apetite, chamado GLP-1, liberado após as refeições e que proporciona a sensação de saciedade. O Zepbound também atua em um segundo hormônio intestinal, chamado GIP, que ajuda a reduzir o açúcar no sangue e pode acelerar o metabolismo.

Em um estudo financiado pela Lilly, o Zepbound ajudou as pessoas a perder cerca de cinco centímetros a mais na cintura do que o Wegovy, sendo que o medicamento da Lilly promoveu uma perda de peso média 47% maior ao longo de 72 semanas. Os pacientes do estudo que tomaram Zepbound tiveram duas vezes mais chances de perder pelo menos 25% do peso corporal do que o grupo do Wegovy.

Ambos os medicamentos apresentam benefícios que vão além da perda de peso. O Wegovy é o único medicamento GLP-1 comprovadamente eficaz na prevenção de ataques cardíacos e outros eventos cardiovasculares em pessoas com doenças cardíacas e obesidade.

No final de 2024, o Zepbound também se tornou o primeiro medicamento aprovado para tratar a apneia do sono.

Avanços tecnológico das farmacêuticas

A Lilly apresentou resultados iniciais promissores com seu estudo de um medicamento oral para perda de peso, aumentando as chances de que o tratamento da obesidade esteja disponível em forma de comprimido e mais acessível nos próximos anos.

A empresa anunciou em abril que seu comprimido experimental ajudou pacientes a perder peso e controlar o açúcar no sangue tão bem quanto o medicamento injetável para diabetes Ozempic, da Novo Nordisk. Embora os testes continuem, se os resultados forem positivos, a Lilly poderá lançar a versão em comprimido do medicamento em 2026.

Um comprimido seria mais fácil de tomar do que injeções autoadministradas e mais barato de fabricar, o que poderia abrir a classe de medicamentos para muito mais usuários.

A Novo Nordisk anunciou em maio que a FDA está analisando o pedido para aprovação de um novo medicamento da empresa para a versão oral do Wegovy.

O medicamento é essencialmente uma versão em dose mais alta do tratamento oral para diabetes da Novo, o Rybelsus

Ao contrário do concorrente da Lilly, ele precisará ser tomado meia hora antes do café da manhã, um possível obstáculo à ampla aceitação.

Várias outras empresas ainda estão em estágios iniciais de testes de comprimidos para obesidade. A Pfizer Inc. teve um fracasso notório  em seus esforços, ficando muito atrás de seus concorrentes.

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