Produtos feitos no espaço — e usados ​​na Terra — podem ser realidade em breve

A Astral Materials, empresa californiana de Jessica Frick, tem planos de construir fornos no espaço. A proposta pode parecer inusitada, mas promete a produção de materiais em órbita com aplicações que incluem a medicina, semicondutores e muito mais. 

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Para isso, Frick planeja usar uma fornalha do tamanho de um frigobar, que promete alcançar temperaturas de até 1.500 ºC. “Estamos construindo uma caixa que faz dinheiro no espaço”, brincou ela. A ciência já sabe há décadas que a microgravidade da órbita da Terra permite a produção de produtos com qualidade maior do que é possível alcançar em nosso planeta — e é aqui que entra a Astral. 

A órbita da Terra permite processos de fabricação que não seriam possíveis em solo (Reprodução/NASA MARSHALL SPACE FLIGHT CENTER)

O que a empresa propõe é a chamada fabricação no espaço que, como o nome indica, é o processo de produzir qualquer coisa no ambiente espacial para uso na Terra ou fora dela. A vantagem disso é que a microgravidade permite processos de fabricação que não podem ser replicados por aqui.


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Entre eles, está a produção de cristais — especialmente os do tipo essencial para a fabricação de semicondutores. Na Terra, os engenheiros usam pequenos cristais de silício e o mergulham em silício fundido, criando um cristal maior do elemento e de alta qualidade, que pode ser dividido e usado em eletrônicos com pureza sem igual

Fabricação no espaço

Os benefícios da fabricação de cristais no espaço não se restringem só aos semicondutores, mas também podem levar a produtos com aplicações farmacêuticas — é o caso da Varda Space Industries, que levou à órbita da Terra uma “fábrica de remédios”.

Em seu interior, estavam cristais do Ritonavir, medicamento usado no tratamento do HIV. Na microgravidade, os cristais do composto se formam com maior eficiência. 

Espaçonave projetada pela Varda para produzir cristais de Ritonavir no espaço (Imagem: Reprodução/Varda Space Industries)

Mike Gold, presidente de assuntos espaciais civis e internacionais na norte-americana Redwire, descreve que a ausência (quase total) da gravidade permite produzir algo como um órgão. “Se você tentar fazer isso na Terra, ele vai ser esmagado”, observou.

O processo é promissor, mas tem um obstáculo: como trazer os produtos de volta?

Esta pergunta ainda não tem resposta simples, mas a indústria espacial parece mostrar algumas possibilidades: a SpaceX e outras empresas reduziram de forma significativa o custo dos lançamentos espaciais, por exemplo.

Enquanto isso, a Varda desenvolveu uma cápsula não tripulada para trazer seus materiais ao nosso planeta. 

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