Tudo sobre os desfiles do DFB Festival 2025

Entre os dias 14 e 17 de maio, Fortaleza foi palco do maior evento de moda autoral do Brasil. O DFB Festival 2025 trouxe desfiles, encontros, cultura e muitos talentos para a passarela com o tema “Inteligência Autoral” — uma proposta que convida à reflexão sobre como tradição, inovação e identidade local se cruzam na criação de moda.

E o que a gente viu nesses dias foi exatamente isso: uma moda viva, pulsante, cheia de histórias e personalidade. Confira tudo o que rolou no evento:

DFB Festival 2025

Foto: Uniateneu (Divulgação)

tudo o que rolou no DFB Festival 2025

DFB REVELA – Talento UniAteneu

Com modelagens estruturadas, fluidez, recortes e decotes marcantes, os talentos emergentes mostraram que estão prontos para brilhar no cenário nacional. A coleção equilibrou ousadia e técnica com uma estética fresh que a gente AMA ver na passarela.

100% CeArt

Um verdadeiro manifesto da moda artesanal cearense. Com formas marcantes, volumes bem construídos e uma cartela de tons terrosos super elegante, a coleção valorizou o feito à mão e deu palco para parcerias com designers locais de acessórios e calçados. Um desfile que exalou cultura, identidade e muito estilo.

Johnson Alves

O estilista alagoano Jonhson Alves levou para a passarela do DFB 2025 uma coleção potente, inspirada no Mané do Rosário, folguedo tradicional de Alagoas. Com modelagens amplas, saias rodadas e uma paleta vibrante de tons terrosos, verdes e vermelhos, Jonhson traduziu em moda a ancestralidade, a fé e a força dessa manifestação cultural. A coleção uniu sofisticação e identidade popular, transformando a história em estilo.

Lindebergue

Lindebergue apresentou a coleção “Quem”, um mergulho sensível e crítico na rotina do trabalhador brasileiro e nas camadas que formam nossa identidade contemporânea. Reinterpretando o workwear com ombros exagerados, peças invertidas e crochês metalizados, o designer provoca reflexões sobre vocação, corpo, sistema e sonho — ou a ausência dele. Uma coleção potente, que costura estética, crítica social e arte com a mesma agulha.

Almerinda Maria 

Almerinda Maria apresenta uma coleção que domina a arte da transformação por meio do vestuário, unindo técnica, sensibilidade e identidade. Com um processo criativo meticuloso, a designer entrega bordados autorais que contam histórias e consolidam sua assinatura estética. A coleção transita com elegância entre o casual sofisticado e o luxo festivo, destacando-se pelo uso refinado da transparência e das rendas, que imprimem delicadeza sem abrir mão do impacto visual. Cada peça carrega luxo em sua essência, revelado por uma modelagem impecável que valoriza formas e estruturas, sempre equilibradas por leveza e movimento. Um desfile que reafirma o poder do feito à mão com poesia e precisão.

Modelo desfilando com blusa translúcida e detalhe floral no DFB Festival 2025. Ao fundo, arte colorida.

Foto: UFCA (Divulgação)

DFB REVELA – Talento UFCA

A coleção “Tem Macaxeira no Feijão” é um tributo afetivo ao Cariri cearense, unindo memórias, lendas e saberes locais em peças feitas com retalhos e materiais reaproveitados. Dividida em cinco núcleos — macaxeira, feijão, pimenta, coentro e sal — a coleção mistura tradição e referências pop com texturas ricas e tons terrosos, criando roupas que acolhem, contam histórias e celebram as raízes com afeto e identidade.

DFB Festival 2025

Foto: Unifor (Divulgação)

DFB REVELA – Talento UNIFOR

A coleção “Caleidoscópio do Sertão” trouxe um olhar poético sobre o sertão nordestino, unindo história, tradição e moda autoral. Com forte inspiração no realismo mágico, o desfile apresentou peças ricas em texturas, técnicas e materiais nativos como a palha, além de aplicações artesanais como fuxico, macramê e labirinto. As silhuetas assimétricas, sobreposições e trançados deram destaque à riqueza dos detalhes, enquanto a paleta de tons terrosos evocou a paisagem e a alma sertaneja. Um verdadeiro encontro entre memória, tendência e identidade.

Hand Lace

A coleção Olho d’Água, da Hand Lace, é uma celebração das origens e da liberdade de ir e voltar, inspirada no fluxo das raízes cearenses que seguem mundo afora. Unindo a leveza da flor patagônica Fuchsia magellanica à força simbólica do barro nordestino, as peças ganham lindas estruturas, transparências delicadas e efeitos visuais que encantam a cada olhar. É nítido o cuidado nos detalhes: franjas aplicadas com precisão, tecidos que brilham sob a luz da passarela e uma cartela de tons terrosos que reforça o aconchego das lembranças. A modelagem sofisticada se alia a um trabalho de produção artesanal característico da marca, resultando em criações que são verdadeiros shows à parte, reafirmando o poder das narrativas que nascem da terra para conquistar o mundo.

CREATIONS LIL 

A CREATIONS LIL estreia no Dragão Fashion Brasil 2025 com a coleção “The Office”, assinada pelo designer Marcelo Mariani, transformando o universo corporativo em uma provocação visual potente. Desconstruindo o dress code tradicional e unindo a estética CLTcore ao streetwear, a marca brilhou na passarela com sobreposições ousadas de saias com calças, saias plissadas, gravatas feitas de mouse, jeans destruídos, camisas de gola dupla e uma utilização impecável do denim. Composta por vinte looks feitos a partir de peças reaproveitadas como jeans, couro e camisas sociais, a coleção ressignifica o profissional ideal como corpo livre, múltiplo e dissidente. A passarela do DFB foi tomada por uma fusão equilibrada entre crítica e criatividade, reafirmando o upcycling como ferramenta estética e política.

Catarina Mina

A coleção “Alpendre”, da Catarina Mina em parceria com o projeto social Vai Maria, do IPREDE, transforma a passarela do DFB Festival 2025 em um espaço de acolhimento e partilha, como a varanda cearense que inspira o nome da coleção. Fluidez é algo visível em cada peça — com uma cartela de cores suave e envolvente, a coleção transmite a sensação de um dia solar e calmo. Decotes delicados, texturas, estampas e o trabalho manual ganham destaque, fazendo de cada look um abraço em forma de roupa. Bordados manuais surgem do encontro com o Vai Maria, projeto que há seis anos transforma vidas ao formar mulheres em situação de vulnerabilidade, oferecendo profissão, rede de apoio e esperança. As criações em crochê, algodão e linho dialogam com a arquitetura sertaneja e evocam o vai e vem entre o dentro e o fora de casa. No alpendre da Catarina Mina, moda é afeto, encontro e casa aberta para todos. 

MELK ZDA

A nova coleção autoral do ateliê Melk Zda, intitulada “A Praia”, mergulha nos contrastes da orla de Boa Viagem, onde o tubarão, símbolo de alerta, convive com a beleza do mar e dos arrecifes. Inspirada em corais, conchas e peixes, a coleção destaca um trabalho manual impecável, característico do estilista, com bordados e tingimentos artesanais que realçam volume, movimento e estruturas nas peças. O upcycle ganha destaque, como no Vestido Recife de Corais, feito com garrafas plásticas, pérolas, cristais e penas de sacos plásticos. “A Praia” representa o mar e valoriza a beleza do feito à mão e do processo criativo.

Bruno Olly

Ninguém ficou parado durante o desfile “Linha de Vento”, um verdadeiro show repleto de história, representatividade e atitude. As peças apresentavam o streetwear estilo momum, tão presente nas comunidades brasileiras, com destaque para o uso do jeans, muitos bolsos, terceiras peças e volumes que deram ainda mais vida à coleção. Foi lindo presenciar esse momento e ver os modelos completamente envolvidos na narrativa e na energia da coleção, que celebrou de forma poderosa a cultura negra e a autenticidade do estilista Bruno Olly.

George Azevedo

George Azevedo apresenta a coleção “Grande Hotel” no DFB Festival, resgatando a Natal dos anos 1940, marcada pela presença norte-americana na Base Aérea de Parnamirim. Com estampas autorais e rica em referências históricas, a coleção mistura elementos militares coloridos, pin-ups e a onça da marca, em peças com toque esportivo e utilitário. O desfile trouxe à tona uma moda autoral, sustentável e cheia de significado, celebrando a cultura e história potiguar de forma criativa e contemporânea.

David Lee

A coleção “DIAGONAIS”, da marca nordestina David Lee, apresentada no DFB Festival 2025, celebra a conexão entre memória, território e identidade através de um vestuário urbano e artesanal. Com foco no feito à mão, a coleção transforma elementos triviais como panos de prato e passadeiras em peças utilitárias e criativas, resgatando lembranças afetivas de muitas casas brasileiras — um verdadeiro retorno ao passado. Vestidos rodados e peças com trabalhos manuais minuciosos em três dimensões encantaram na passarela, revelando a força da tradição aliada à inovação. Com fibras naturais, crochês florais e uma paleta inspirada no litoral nordestino, “DIAGONAIS” é um manifesto visual sobre encontros, influências e a beleza do simples. 

Vitor Cunha 

Vitor Cunha nos levou ao fundo do mar em um mergulho de sensações e contrastes. Com profundidade, ele trouxe suavidade a tecidos pesados e, ao mesmo tempo, peso a tecidos leves, criando uma harmonia instigante. O trabalho artesanal — marca registrada do artista — esteve presente com força: o macramê apareceu de forma sofisticada, enquanto o crochê, feito por artesãs locais, ganhou destaque com a técnica do freeform, imprimindo identidade e liberdade às peças. Os recortes, precisos como o fio de uma faca, criaram estruturas marcantes e sensuais. As aplicações refletiram a luz do evento, revelando um brilho sutil e hipnotizante. Uma coleção que, entre texturas e formas, fez do oceano um território de moda e poesia.

Oco Club

Da Praia de Iracema para o mundo, o Oco Club transforma a passarela em um verdadeiro ateliê aberto, onde a criação se faz ao vivo, em diálogo com a essência do lugar. Em sua estreia no Dragão Fashion Brasil, a marca apresenta a coleção ELEMENTAR, uma celebração à força dos elementos naturais do litoral cearense. O mar, a areia, o vento, a pesca e as memórias afetivas da terra ganham forma em peças que unem autoralidade, ancestralidade e originalidade. Cada look traduz a identidade vibrante da marca, com design que valoriza o fazer manual, os saberes locais e uma estética que respeita a natureza e a história do povo cearense.

Almir França

A junção da moda e sustentabilidade proposta por Almir França em parceria com a ENEL Brasil transformou a passarela em um momento de reflexão e impacto. A coleção traduziu, em tecidos e formas, o poder invisível que conecta corpos, territórios e futuros possíveis. Com estruturas marcantes, modelagens bem executadas e recortes estratégicos, era quase inacreditável imaginar que as peças nasceram da reutilização de uniformes de funcionários da ENEL. Aplicações de brilho, volumes ousados e acabamentos detalhados elevaram ainda mais o trabalho de Almir, reforçando que moda autoral e consciência ambiental não só podem, como precisam caminhar juntas.

Marina Bitu

Marina Bitu reinventa o Nordeste e o Brasil profundo com uma coleção que une plissados luxuosos, técnica apurada e identidade forte. Com um olhar contemporâneo, ela resgata e ressignifica símbolos da nossa cultura em peças que esbanjam movimento, brilho, estampas e até penas. No DFB, Marina levou à passarela uma galinha como musa — sim, uma galinha — e surpreendeu ao transformá-la em ícone de elegância e sofisticação. O resultado foi uma coleção impactante, irreverente e desejável, que deixou no ar aquela sensação de: quero sair daqui com todos os looks.

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