Vídeos de ‘bebês reborn’ viralizam, mas ‘troca de rosto’ com IA traz riscos

Memes com versões “bebê reborn” de famosos, feitas com Inteligência Artificial (IA), têm viralizado nas redes sociais nos últimos dias. A trend pode ser feita por meio de apps como Dreamina e FaceSwap, mas o uso de plataformas que “trocam o rosto” de fotos pode trazer riscos à privacidade e segurança

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A trend tem ganhado as redes nos últimos dias. No X (ex-Twitter), posts com as versões bebê de jogadores de futebol fizeram sucesso no fim de semana, enquanto, no Instagram, duplas sertanejas como Maiara e Maraísa, e Israel e Rodolffo compartilharam vídeos com suas “versões mirins” cantando nos palcos. 

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Uma publicação compartilhada por Maiara e Maraisa (@maiaraemaraisa)

No TikTok, clipes de cenas que já viralizaram na rede meses atrás voltaram a ter destaque, mas, desta vez, tendo as versões bebês como protagonistas. Um dos vídeos, por exemplo, resgata uma conversa entre Davi Britto, campeão do BBB 24, e Nizam, quando os dois falam sobre o mercado de trabalho no reality show. 

@faceswap_ia 👶 “Trabalha com gue?i” #FaceSwapIA #DaviBritoBaby #BBBMemes #MemeDoDavi #HumorDigital #BabyReality #VideoEngraçado #IAnoHumor #ReelsViral #ConteúdoDeIA #DaviNaPraia #BabyDavi ♬ som original – FaceSwap I.A

Outra cena relembra o meme “Calma, calabreso”, também protagonizado por Davi no programa. Além disso, há vídeos que recriam entrevistas que também viraram memes Outros, ainda fazem referência a personagens de novelas icônicos e que viralizam com alguma frequência, como o Agostinho Carrara, da Grande Família. 

@baby.meme5 Algostinhozinho Carrara. #memebaby #babypodcast #bebestiktoks #algostinhocarrara ♬ som original – BABY MEME

Quais são os riscos da trend?

Apesar de parecer inofensiva, a trend dos bebês de IA esconde uma série de riscos.

Ao Canaltech, o advogado especialista em Inteligência Artificial Paulo Henrique Fernandes, observou que o uso indiscriminado da ferramenta pode “naturalizar” a manipulação de rostos sem consentimento, abrindo um precedente perigoso. 

“Essa tendência contribui ainda para a diluição da confiança nas imagens digitais. O que hoje é diversão, amanhã pode ser deepfake com efeitos reais em eleições, reputações e até fraudes financeiras”, pontuou o especialista do escritório Viseu Advogados. 

Fernandes reforça, ainda, que a apropriação indevida de imagem é uma preocupação latente com o uso dessas ferramentas, uma vez que a falta de consentimento pode configurar violação de direitos da personalidade, principalmente quando causam constrangimento, distorção ou são inseridas em contextos ofensivos.

“Inserir o rosto de alguém em outra situação ou corpo pode ser entendido como um ‘sequestro de identidade’ e até crime contra a honra, dependendo do contexto. Além disso, a sexualização indevida com face swap, comum em casos envolvendo mulheres, configura violência digital”, completa. 

O advogado especialista em direito digital do Abe Advogados, Marcelo Cárgano, por sua vez, destaca que as tecnologias de face swap também podem ser usadas para aplicar golpes.

“A tecnologia por trás dessas montagens, que permite criar imagens e vídeos com rostos trocados de forma altamente realista, pode ser usada não apenas para entretenimento, mas também para aplicar golpes, cometer fraudes, enganar pessoas em esquemas de engenharia social, falsificar identidades e disseminar deepfakes”, observa. 

O que diz a legislação brasileira? 

Apesar de não haver nenhuma lei que trate do tema de maneira específica, existem proteções aplicáveis em alguns casos.

Fernandes afirma que a Constituição e o Código Civil garantem o direito à imagem do usuário, e a Lei Geral de Proteção aos Dados (LGPD) trata os rostos como dados sensíveis e exige consentimento específico para o seu tratamento.

Além disso, em situações graves, em que o uso das imagens é feito com intenção de fraude, o Código Penal pode ser aplicado. 

Cárgano, por sua vez, destaca que a primeira lei sobre “troca de rosto” usando IA foi sancionada em apenas em abril de 2025, mas ela tem um escopo mais específico e refere-se exclusivamente ao uso dessa tecnologia em casos de violência contra a mulher. 

Não é a primeira vez que apps de IA geram polêmica

Essa não é a primeira vez que aplicativos do tipo causaram polêmica e levantaram debates acerca do uso indevido de imagens. Em 2019, o FaceApp, que ficou bastante popular ao mostrar como os usuários ficariam mais velhos, gerou debates sobre privacidade e o uso de dados. 

Além disso, mais recentemente, em março, imagens no estilo Studio Ghibli inundaram as redes sociais, trazendo à tona, mais uma vez, debates sobre uso de imagem e direitos autorais. 

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