Agricultura de Precisão Pode Mudar o Futuro da Saúde Pública

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A agricultura de precisão utiliza tecnologias avançadas e análise de dados para otimizar as práticas agrícolas, garantindo decisões personalizadas de acordo com as necessidades específicas das lavouras, do solo e das condições ambientais. Mas, esse conceito está cada vez mais próximo de outro: o de agricultura de prescrição, que relaciona as práticas agrícolas com a promoção da saúde pública.

Em vez de métodos tradicionais, esse método se concentra na aplicação precisa de insumos como água, fertilizantes e pesticidas, com base em dados e análises em tempo real. O resultado? Maior produtividade e redução de custos. A redução no uso de pesticidas pode resultar em comunidades mais saudáveis e em uma oferta de alimentos mais segura. Outra vantagem é a diminuição do excesso de pulverização de produtos químicos, que pode baratear os custos para o produtor, e a integração entre tecnologia e coleta de dados analíticos.

Outra vantagem é a diminuição do excesso de pulverização de produtos químicos, que pode baratear os custos para o produtor, e a integração entre tecnologia e coleta de dados analíticos.

Com isso, os produtores podem tomar decisões que aumentam a produtividade e protegem o meio ambiente, como:

  • Eficiência no uso de recursos: O uso otimizado de insumos como água e fertilizantes pode gerar economia e reduzir o desperdício;
  • Maior retorno sobre o investimento: A tecnologia de aplicação direcionada pode aumentar a produtividade e a qualidade das lavouras, melhorando a lucratividade;
  • Resiliência agrícola: A adoção de estratégias orientadas por dados ajuda os produtores a se adaptarem às mudanças climáticas, às pressões de pragas e às exigências do mercado;
  • Proteção ambiental: A promoção da sustentabilidade ecológica ao minimizar o escoamento químico e preservar a biodiversidade.

Apesar dos pontos positivos, a agricultura de precisão pode exigir investimentos iniciais elevados, manutenção especializada e suporte técnico. Além disso, os produtores rurais podem enfrentar dificuldades com a conectividade.

A Presença dos Pesticidas

A presença de pesticidas nos alimentos é uma preocupação global. Produtos químicos como organofosforados e carbamatos afetam o sistema nervoso, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), agência dos Estados Unidos responsável pela proteção da saúde humana e do meio ambiente.

“Alguns pesticidas podem causar irritações na pele ou nos olhos, outros podem ser cancerígenos e afetar o sistema hormonal ou endócrino do corpo”, comunicou a entidade.

O glifosato, em especial, utilizado para controlar plantas daninhas, está relacionado a uma série de problemas de saúde. De acordo com estudos da Universidade da Califórnia, em Berkeley, a exposição infantil ao glifosato “está associada à inflamação no fígado e a distúrbios metabólicos na fase adulta jovem, o que pode levar ao câncer de fígado, diabetes e doenças cardiovasculares mais tarde na vida.”

Aumento da Conscientização Pública

A redução do uso de pesticidas e a oferta de uma alimentação mais saudável se tornaram temas em alta. Figuras públicas dos EUA, como Robert F. Kennedy Jr. e o senador Cory Booker têm sido defensores dessa pauta.

Kennedy tem ressaltado as preocupações com os resíduos de pesticidas, comprometendo-se a “restringir o uso de corantes e reduzir esses componentes na produção de alimentos.” Segundo uma ordem executiva, parte de sua função é “avaliar a ameaça que o uso excessivo de medicamentos, ingredientes alimentares, determinados produtos químicos e outras exposições que podem representar para as crianças.”

O senador Cory Booker apresentou projetos de lei, como a Lei das Refeições Escolares Seguras, para reforçar a segurança alimentar e promover práticas de agricultura orgânica que evitem produtos químicos prejudiciais.

Essa medida também pode abrir novas oportunidades de mercado para agricultores orgânicos e regenerativos, incentivando a produção de alimentos seguros, limpos e nutritivos — além de ajudar a tornar a certificação orgânica mais acessível para pequenos produtores.

O Futuro da Agricultura

O volume de evidências que ligam a exposição a pesticidas a problemas de saúde reforça a urgência de alternativas mais sustentáveis às práticas agrícolas convencionais.

O termo “agricultura de prescrição” resume bem a correlação entre a produção agrícola e os resultados em saúde. “Comida é remédio” — e pode ser uma ferramenta poderosa na prevenção, no manejo e até mesmo no tratamento de certas condições de saúde.

A redução no uso de produtos químicos nos alimentos pode promover a saúde pública, com benefícios evidentes:

  • Alimentos mais saudáveis: A produção com menor dependência de produtos químicos pode ser benéfica aos consumidores;
  • Redução nas taxas de doenças: A diminuição do uso de pesticidas pode reduzir a incidência de doenças relacionadas a essas substâncias e melhorar os indicadores de saúde;
  • Sustentabilidade: A menor aplicação de produtos químicos no solo traz benefícios para os seres humanos e para o meio ambiente, protegendo as terras agricultáveis e os ecossistemas vitais.

A defesa dessa pauta não pode ser somente de produtores rurais, mas também de indivíduos, organizações e movimentos diversos. À medida que o futuro do setor continua a evoluir, a integração da agricultura de precisão pode representar uma abordagem transformadora para enfrentar os desafios interligados da segurança alimentar, sustentabilidade ambiental e saúde pública.

Líderes mundiais do agronegócio e da indústria de alimentos têm manifestado compromissos com a inovação, o apoio a pequenos negócios e o aumento da transparência para os consumidores.

As maiores empresas do setor muitas vezes se movem lentamente, mas detêm o poder de promover mudanças significativas — especialmente se adotarem a velocidade, a agilidade e a inovação das iniciativas empreendedoras.

Mesmo investimentos modestos em startups ou em inovadores de pequena escala podem gerar benefícios desproporcionais, impulsionando o progresso mais rapidamente e posicionando as empresas estabelecidas como líderes em um setor em constante transformação.

Para permanecerem relevantes e impactantes, os gigantes da indústria devem reconhecer que as inovações verdadeiramente disruptivas costumam nascer pequenas — e agir com base nisso.

* Tom Gauthier escreve para a Forbes EUA e é fundador e CEO da AgTechLogic.

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