Moraes mordeu a isca

Ministro Alexandre de Moraes Reprodução

O mais recente affair de nossa República – e é incrível como produzimos esse tipo de incidente em constância e quantidade – é o inquérito instaurado pelo Ministro Alexandre de Moraes, a pedido da PGR, tendo por investigado o deputado Eduardo Bolsonaro.

Moraes, aliás, insiste neste modelo “investigo-apuro-julgo”, chamando para si todas as atividades relacionadas a um processo judicial, especialmente de natureza criminal. A polícia, no caso a Polícia Federal, poderia perfeitamente assumir a incumbência de tocar esse inquérito, mas o Ministro insiste na centralização de funções e atividades.

No caso em questão, Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou, de seu auto-exílio nos EUA, que iria pedir ao governo Trump que impusesse uma série de restrições a Moraes, de modo especial aquelas afetas à chamada Lei Magnistky.

Referida lei, criada em 2016, visa combater todos aqueles que ofendem os direitos humanos no mundo todo. Ela cria uma série de restrições para a pessoa atingida por suas disposições, tal como vedação de uso de cartão de crédito, cassação de vistos e outras medidas mais.

Até compreende-se a irritação do Ministro, mas, convenhamos, a ameaça só faz sentido se quem ameaça tem condições de cumprir a ameaça. E o filho de Bolsonaro não tem essa condição. Imaginar que Trump vá atender um conjunto de pretensões do citado deputado é abraçar uma teoria conspiratória. Se Trump fizer, seja lá o que for, fará por sua conta.

A conduta de Eduardo Bolsonaro, mais a mais, não configura crime nenhum. Foi para as suas redes sociais e defendeu certas ideias, algo como “o ideal seria prender Alexandre de Moraes”, mas isso, em si, não é crime.

Seja como for, no campo político os Bolsonaro conseguiram criar o que o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, chamava de “factoide”. E ganharam com isso, botando pressão não em Moraes, diretamente, mas em Lula que, inclusive, já acionou a sua “turma de bombeiros”, visando abaixar essa fervura toda.

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