Cientistas querem fazer whisky de sementes achadas em navio naufragado

Há 145 anos, naufragou um navio (James R. Bentley, com destino a Buffalo, nos EUA) que carregava uma variedade de sementes de centeio que não existe mais hoje em dia. Agora, cientistas conseguiram resgatar parte dessas sementes e querem produzir um whisky a partir delas.

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O resgate das semenstes aconteceu no último mês de setembro, quando uma equipe de seis tripulantes foi até o local do naufrágio (localizado pela primeira vez em 1984). Essas sementes foram levadas para o laboratório da Michigan State University.

Para “ressuscitar” as sementes, a equipe as colocou em caixas de germinação e mergulhou em ácido giberélico, um hormônio vegetal que estimula a germinação.


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Em seguida, os cientistas conduziram três processos diferentes para estimular o crescimento das sementes: uma germinação quente em temperatura ambiente; uma germinação fria a 4ºC e um processo para mergulhar em água.

Extração de DNA das sementes

Mas as sementes de centeio não germinaram. A explicação para isso é que, embora a estrutura das células da semente tenha sido preservada pela água fria e pelo ambiente de baixo oxigênio, a germinação requer mitocôndrias viáveis, uma estrutura nas células responsável por converter glicose e açúcares em energia.

A conclusão dos cientistas é que as mitocôndrias devem ter perdido a viabilidade como resultado das sementes terem ficado na água por tanto tempo.

Como o centeio não conseguiu se reproduzir a partir de sementes, o plano passou a ser extrair o DNA das sementes, ou pelo menos pedaços dele.

 

“Assim que obtivermos o DNA, podemos sequenciá-lo e descobrir o que é esse centeio, ou a que ele está relacionado. Existem vários genomas de centeio que foram sequenciados em todo o mundo. Podemos comparar a sequência de variedades modernas de centeio com essa variedade e determinar qual é a origem. E podemos olhar para variedades históricas de centeio em todo o mundo e determinar de onde essa variedade de centeio pode ter vindo originalmente”, diz a equipe em comunicado divulgado pela Michigan State University.

Os pesquisadores reiteram que isso não quer dizer que as sementes estão mortas. 

“Podemos reviver os genes que foram carregados nas sementes e usar técnicas modernas de sequenciamento de genoma para montar partes do genoma. Seremos capazes de sequenciar os cromossomos deste centeio e transferir esses segmentos de cromossomos para uma variedade moderna de centeio, essencialmente revivendo um centeio histórico”, explicam.

Whisky

Então a ideia é transformar essas sementes em… whisky. “Se você pegar uma garrafa de whisky hoje, em qualquer lugar do mundo, não verá a variedade de grãos que foi usada para fazê-lo no rótulo. Os grandes destiladores de bourbon obtêm todo o seu centeio da Europa, e eles não querem que as pessoas saibam disso”, afirmam os cientistas. 

“Se pudermos introduzir os segmentos cromossômicos do centeio naufragado, isso criará diversas oportunidades para os agricultores rurais”, defendem.

 

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