CEO do Carrefour pede desculpas e frigoríficos brasileiros desistem de boicote

O Carrefour, maior grupo supermercadista da Europa e líder no Brasil, enfrenta uma crise de imagem e abastecimento após declarações feitas por sua matriz na França sobre a carne sul-americana. A fala gerou reações no Brasil, incluindo boicote de grandes frigoríficos e consumidores. Em resposta, a empresa reiterou seu compromisso de longo prazo com a agricultura brasileira e pediu desculpas por qualquer mal-entendido.

Nesta terça-feira (26), por volta das 10h30 (horário de Brasília) as ações do Carrefour () operavam em alta de 2,09%, cotada aos R$ 6,85, com mercado reagindo a retratação do CEO global da marca.

Frigoríficos brasileiros suspendem fornecimento ao Carrefour

A polêmica começou quando o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, anunciou que as lojas francesas do grupo deixariam de comprar carne do Mercosul, atendendo a demandas de agricultores franceses contrários ao acordo comercial entre a União Europeia e o bloco sul-americano. A declaração foi amplamente criticada no Brasil, gerando um boicote de 23 frigoríficos, incluindo gigantes como JBS e Marfrig.

Essa reação teve impacto direto em mais de 150 lojas do Carrefour no Brasil, com consumidores relatando falta de produtos nas prateleiras. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, apoiou a postura dos frigoríficos e classificou a decisão do Carrefour França como desproporcional, mas negou ter solicitado o boicote.

Segundo análise de Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco, a notícia impacta negativamente as ações do Carrefour, já que os principais produtores de carne do Brasil declararam boicote à empresa e pararam de fornecer carne bovina para as lojas.

“Essa interrupção pode gerar escassez de carne nos supermercados, o que pode afetar o lucro da companhia, já que a carne bovina é responsável por cerca de 4% a 5% das vendas totais do Carrefour. Sem dúvidas, até que a situação seja resolvida e os ânimos se acalmem, ainda poderemos ver muita volatilidade envolvendo as ações do Carrefour.”, explica o economista.

Carrefour promete normalizar o abastecimento no curto prazo

Diante da crise, o Carrefour Brasil se pronunciou afirmando que trabalha para resolver a situação junto aos fornecedores. Em comunicado oficial, a empresa destacou que a interrupção nas entregas de carne bovina impactou as operações desde a última quinta-feira e que espera normalizar o abastecimento rapidamente para mitigar os impactos aos consumidores.

A matriz do Carrefour na França também publicou uma nota oficial pedindo desculpas pela confusão causada e reforçando que mantém a carne brasileira exclusivamente nas unidades brasileiras. Segundo o grupo, a empresa é “parceira número 1” do agro brasileiro, reafirmando sua relação de mais de 50 anos com o setor.

De acordo com Acilio Marinello, sócio fundador da Essentia Consulting, a medida adotada pelo CEO Global da rede de supermercados é muito mais política, para privilegiar os produtores franceses. Porém, a verdade é que eles não possuem capacidade de suprir a demanda de carne do mercado interno francês. Além disso, o custo de produção da carne bovina em toda a Europa tende a ser mais elevado.

“Mesmo com o posicionamento do CEO Global, acredito que em algum momento ele mesmo vai ter dificuldades de manter a sua própria rede abastecida não só na frança, como também nos demais países europeus onde o Carrefour tem operações”, diz Marinello em entrevista à BM&C News.

Compromisso do Carrefour com a carne brasileira

Alexandre Bompard, CEO global do Carrefour, enfatizou que o grupo dobrou os investimentos em produtos brasileiros nos últimos anos e que toda a carne comercializada nas lojas no Brasil provém de pecuaristas locais. Ele reforçou que a comunicação do Carrefour França não foi direcionada a questionar a parceria com o agro nacional, e sim atender a demandas específicas do mercado francês.

“Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira, pedimos desculpas”, escreveu Bompard.


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