Urano e Netuno podem ter oceanos de até 8 mil km de profundidade

Um novo estudo liderado por Burkhard Militzer, da Universidade da Califórnia, sugere que Urano e Netuno não escondem chuvas de diamantes ou águas “bizarras” sob suas camadas de nuvens, mas sim oceanos profundos. Segundo ele, o interior destes planetas é dividido em camadas que, assim como a água e o óleo, não se misturam — e talvez seja esta a explicação por trás dos campos magnéticos estranhos detectados por lá

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Estes planetas gelados e distantes representam um mistério para os cientistas há décadas. Eles foram visitados somente pela sonda Voyager 2 há quase 40 anos, que coletou medidas de campos magnéticos diferentes de qualquer coisa já vista em nosso sistema. Um estudo recente sugere que, no caso de Urano, as medidas teriam sido afetadas por nosso Sol.

Urano observado pela Voyager 2 (Imagem: Reprodução/Ardenau4/Domínio Público)

Mas Militzer propõe outra explicação. Para ele, a atmosfera estes planetas esconde camadas de água, metano e amônia. A ideia é que, pouco abaixo da camada de nuvens, há um oceano profundo de água; abaixo dele, estaria um fluido comprimido de carbono, nitrogênio e hidrogênio.


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Através de simulações computacionais, o autor descobriu que as temperaturas e pressões no interior dos planetas podem fazer com que a combinação de água, metano e amônia se separem naturalmente em duas camadas. O processo acontece porque o hidrogênio seria “expulso” das moléculas de metano e amônia, que são as principais no interior dos planetas.

Estas camadas não se misturam, e para ele, talvez isso explique o porquê de Urano e Netuno não terem campos magnéticos como o da Terra. “Se você perguntar aos meus colegas ‘O que você acha que explica os campos magnéticos de Urano e Netuno?’, eles podem dizer ‘Bom, talvez seja essa chuva de diamantes, mas talvez seja esta propriedade da água que chamamos de superiônica’”, sugeriu ele. 

Esquema do interior de Urano, com a camada de hidrogênio (azul claro), água (azul escuro), hidrocarbonetos (vermelho) e núcleo rochoso (amarelo) (Imagem: Reprodução/Burkhard Militzer, UC Berkeley, and NASA)

O autor reforçou que, para ele, estas explicações não são plausíveis. “Mas podemos ter esta separação em duas camadas separadas que deveriam explicar isso”, acrescentou em um comunicado. Por isso, ele concluiu que Urano deve ter uma camada com quase 8 mil km de espessura e rica em água, e sob ela, haveria a camada de hidrocarbonetos. 

Agora, ele planeja trabalhar com pesquisadores para testar a possibilidade em experimentos de laboratório sob altas temperaturas e pressões. Desta forma, eles podem verificar se as camadas se formam em fluidos com as proporções dos elementos encontradas nos nossos vizinhos do Sistema Solar. 

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

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