Especialistas divergem sobre pacote: alívio pontual ou ajuste insuficiente?

O anúncio do pacote de medidas fiscais e tributárias do governo Lula, realizado pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, foi recebido com ceticismo e avaliações diversas por especialistas do mercado financeiro. Apesar da confirmação de cortes estimados em R$ 70 bilhões para os próximos dois anos, analistas destacaram que as ações apresentadas são, ao mesmo tempo, esperadas e insuficientes.

Repercussões Positivas: Alívio Inicial para o Mercado

A economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, destacou o caráter positivo da confirmação do valor de R$ 70 bilhões e das medidas já aguardadas pelo mercado. “O pacote tende a ser bem recebido, especialmente pela inclusão de cortes de caráter estrutural, ainda que tímidos”, afirmou. No entanto, Veronese pontuou que os detalhes pendentes sobre a compensação fiscal para a isenção do Imposto de Renda (IR) geram incertezas. “É preciso saber como a taxação de rendas superiores a R$ 50 mil será implementada e qual será a alíquota.”

Helena acredita que a entrevista coletiva agendada para amanhã pode trazer esclarecimentos essenciais para acalmar os mercados. “Se os detalhamentos corrigirem distorções e explicarem como os cortes serão implementados, o mercado pode reagir de forma mais tranquila.”

Críticas à Insuficiência das Medidas

Outros especialistas, como Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, apontaram que as ações anunciadas, embora positivas, não são suficientes para atender à meta de resultado primário prevista em lei. “O pacote ajuda no ajuste das contas públicas, mas ainda está distante de um impacto fiscal robusto capaz de garantir a sustentabilidade econômica do país”, afirmou Salto.

Walter Maciel, CEO da AZ Quest, seguiu a mesma linha, ressaltando que o montante estimado de economia é incerto e insuficiente para resolver o desequilíbrio fiscal. Ele expressou preocupação com a perda de receita decorrente das mudanças no IR, a depender de como será desenhada a compensação tributária para as faixas superiores de renda.

Uma “Grande Decepção” para o Mercado

O economista Walter Maciel foi enfático ao chamar o anúncio de “anticlímax”, destacando que o mercado esperava um pacote mais abrangente. Segundo ele, as ações apresentadas não são suficientes para controlar os gastos e promover um ajuste significativo. “O Brasil, nesse cenário, aumenta o prêmio de risco e desorganiza os preços. Vamos nos arrastar até sermos obrigados a implementar ajustes mais profundos”, afirmou.

Maciel também questionou a viabilidade da isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil e a capacidade do Congresso de aprovar a taxação de grandes fortunas. “Embora a medida seja popular, as discussões legislativas tendem a diluir qualquer impacto significativo no curto prazo.”

Expectativas e Próximos Passos

De maneira geral, os especialistas concordam que as medidas anunciadas representam apenas o primeiro passo em direção ao ajuste fiscal, mas faltam detalhes e ações mais incisivas. O mercado agora aguarda a entrevista coletiva de Haddad para obter respostas concretas sobre a implementação das medidas e os efeitos esperados.

Enquanto isso, a percepção de risco permanece elevada, com analistas alertando para possíveis desafios políticos e econômicos na execução do pacote.

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