Após anúncio de pacote fiscal, cotação do dólar atinge máxima histórica


Os gráficos do câmbio amanheceram acelerados, com o dólar já na abertura testando o limite dos R$ 6. Após anúncio de pacote fiscal, dólar fecha na máxima histórica
No mercado financeiro, as reações ao pacote fiscal fizeram a cotação do dólar atingir a máxima histórica.
Como quem passou a madrugada fazendo contas, os gráficos do câmbio amanheceram acelerados, com o dólar já na abertura testando o limite dos R$ 6.
“O mercado foi dormir mal já, né, porque o câmbio já tinha tido comportamento muito forte no dia anterior”, afirma Samuel Pessoa, pesquisador da FGV.
Após anúncio do pacote fiscal, cotação do dólar atinge máxima histórica
Reprodução/TV Globo
Samuel Pessoa pesquisador da FGV explica que foi um reflexo do anúncio da isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5 mil.
“A medida mais rumorosa que o governo anuncia é reduzir receita. Olha, isso gera um desconforto imenso, isso mostra que aparentemente o governo não está tão preocupado assim com o problema, ele está mais preocupado com outro tema. Hoje a gente tem um problema imediato urgente, a gente precisa fazer um ajuste fiscal para reduzir a pressão sobre os recursos da economia, mas principalmente para ajudar uma dinâmica da dívida pública mais sustentável”.
Às 13h, o dólar valia mais de e não fechou muito abaixo disso: R$ 5, 98, o maior valor para um fechamento desde o início do Plano Real. Uma reação exagerada, na opinião do economista Felipe Salto.
“Há um exagero porque R$ 6 em um momento em que a gente tem contas externas organizadas, tem um fluxo de comércio para o Brasil em termos de exportações que é muito grande, e tem entrada de capitais relevantes para o país, reservas internacionais elevadas também, não há como justificar um dólar tão alto”, explica Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos.
O economista diz ainda que o pacote é pequeno para o problema fiscal do Brasil.
“O impacto é positivo. As medidas do lado da despesa vieram quase todas em linha com o que o mercado pedia, com que os especialistas em contas públicas também indicavam que seria necessário, só que a intensidade foi menor e algumas medidas ficaram de fora, por exemplo, as vinculações constitucionais da saúde e educação, a indexação das despesas ao salário mínimo e outras que poderiam ter sido contempladas.”
No mercado de ações, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira caiu mais de 2%. Parecia um dia de ressaca nos pregões que esperavam mais do pacote do governo.
IBOVESPA caiu mais de 2%
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O dólar é tido como um termômetro de confiança na condução da economia e um dos lugares onde o mercado financeiro se encontra com todos os outros setores. Dólar caro pressiona a inflação, os juros, esfria a produção das empresas, o emprego. Por isso, a análise do pacote de medidas não ficou restrita às rodas de investidores.
A Confederação Nacional do Comércio diz que o pacote é insuficiente para enfrentar o problema fiscal e pede que o governo e Congresso priorizem medidas que promovam não apenas o equilíbrio fiscal imediato, mas também o crescimento econômico e a competitividade do Brasil no longo prazo.
O economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Igor Rocha, pondera que ainda falta fazer uma lição de casa maior na questão fiscal.
“É importante destacar que o Brasil está crescendo. O desemprego em 6,4%. Temos uma economia que está aquecida. Falta a gente fazer um pouco aí dessa lição de casa que é da questão fiscal que a gente precisa endereçar de uma forma melhor para tranquilizar aí e ajudar a fomentar o investimento produtivo”, diz Igor Rocha, economista-chefe da Fiesp.
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