Humanos descendem de duas populações ancestrais que se dividiram e reconectaram

Já noticiamos, aqui pelo Canaltech, que a famosa imagem sobre a evolução humana está errada — o ser humano foi surgindo a partir de uma série pouco linear de acasalamentos entre espécies ancestrais e parentes evolutivos, como neandertais e denisovanos, até chegar no Homo sapiens como o conhecemos. Agora, detalhes dessa jornada foram revelados por pesquisas genéticas.

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Um estudo por geneticistas da Universidade de Cambridge descobriu que nós, humanos modernos, descendemos de pelo menos duas populações ancestrais diferentes — elas se separaram do nosso ancestral comum, ficando ao menos um milhão de anos separadas para então se reconectarem misteriosamente há 300.000 anos.

Populações humanas e a evolução

Para a pesquisa, foi desenvolvido um algoritmo especialmente para lidar com a enorme quantidade de dados presentes no Projeto 1000 Genomas, iniciativa que sequenciou e armazenou o DNA de populações humanas pela África, Europa e Américas, modelando como os genes de humanos antigos se separaram e reuniram ao longo da história da evolução.


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Já sabíamos que a “marcha do progresso” da evolução humana não estava correta, mas os segredos dos ancestrais dos Homo sapiens ainda estão sendo revelados (Imagem: Eugene Zhyvchik/Unsplash)

Isso remontou a um período anterior à evolução dos próprios H. sapiens. A ciência atual acredita que nossa espécie surgiu na África entre 200.000 e 300.000 anos atrás, de uma linhagem única.

O que o estudo revelou, no entanto, foi que duas populações antigas são responsáveis pelos nossos genes: elas teriam se separado há 1,5 milhão de anos, se reencontrando apenas no desabrochar dos H. sapiens. Uma das populações teria contribuído com cerca de 80% do DNA humano atual, enquanto a outra ficou com os 20% restantes.

Esta última população teve um gargalo significativo, ficando muito pequena após a divergência dos ancestrais, crescendo lentamente ao longo da história até se reconectar com a população “irmã”. Ela também parece ser a mesma que deu origem aos neandertais e denisovanos antes da reconexão.

Apesar de apenas a menor parte do genoma ter vindo desse povo, os genes trazidos por ele são muito importantes, sendo relacionados a funções cerebrais e processamento neural, cruciais para nossa evolução. A questão de quem seriam as populações é misteriosa: ancestrais como Homo erectus e Homo heidelbergensis ainda estavam por aí na época, sendo candidatos possíveis.

O achado é mais uma prova de que a evolução humana não seguiu uma linha reta, com símios encurvados virando macacos nus de pé que se tornariam humanos: muita hibridização, ruas genéticas sem saída e seleções naturais severas permearam nossa história, muito mais complexa e interconectada do que uma simples árvore genealógica.

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