Clientes propensos a apostas apresentam quase o dobro de inadimplência, alerta pesquisa

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O crescimento acelerado das apostas online no Brasil tem acendido um alerta no sistema financeiro. O fenômeno, que já movimenta mais de R$ 120 bilhões por ano no país, não só preocupa instituições financeiras, como também chamou a atenção do Banco Central. Segundo o Instituto DataSenado, entre os brasileiros que apostaram no último mês, 42% estavam com dívidas em atraso há mais de 30 dias — um reflexo direto no comprometimento da renda familiar.

Durante audiência recente na CPI das Apostas Esportivas, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reconheceu que, embora o órgão não tenha competência legal para regular as apostas, já observa impactos concretos nas carteiras de crédito. Segundo ele, muitos consumidores têm recorrido ao crédito consignado e pessoal para financiar apostas, aumentando o risco de inadimplência. “Identificamos um fenômeno relevante do ponto de vista do comprometimento de renda”, declarou.

Estudos da Datarisk, empresa especializada em inteligência artificial para análise de crédito, confirmam a tendência. Lançado em novembro de 2024, o Score de Probabilidade de Aposta da companhia estima a chance de um consumidor realizar apostas online nos três meses seguintes. Os dados revelam que clientes com alta propensão a apostas apresentam inadimplência superior a 5%, praticamente o dobro dos 3% observados entre os que têm baixa probabilidade.

“Conseguimos comprovar que o crescimento das apostas esportivas está, de fato, impactando a inadimplência”, afirmou Carlos Relvas, fundador da Datarisk. Segundo ele, a utilização da solução ajuda as instituições financeiras a aprimorar o controle de risco. Em um dos bancos parceiros, por exemplo, o uso do Score de Apostas elevou o KS (Kolmogorov-Smirnov) do modelo de risco em 3 pontos, reduzindo a inadimplência esperada em mais de 10%.

O impacto não se limita à inadimplência. Conforme destacou Galípolo, o comportamento de aposta já interfere no custo do crédito: consumidores com perfil de apostador tendem a pagar mais caro por empréstimos ou ter dificuldade maior na aprovação. “A aposta entrou naquilo que o setor chama de score de crédito”, explicou.

O perfil traçado pela Datarisk para os apostadores brasileiros mostra que 70,8% são homens, com idade média de 34 anos. A maioria (63,9%) tem emprego formal, com renda média de 4,7 salários mínimos. Trata-se de um público que, pelos critérios tradicionais, seria visto como relativamente estável, mas que, devido ao comportamento de risco associado às apostas, requer análise mais sofisticada.

“O Score de Apostas permite que as instituições financeiras se antecipem a tendências de inadimplência antes que elas se consolidem”, completou Relvas. Ele reforçou que o uso de tecnologias avançadas é fundamental para proteger tanto o sistema financeiro quanto os próprios consumidores.

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