Grande fornecedora de baterias elétricas para a Tesla, Panasonic vai cortar 10 mil empregos

Funcionários da Panasonic mostram baterias de íon-lítio na fábrica de Osaka, no Japão. Foto: Tetsuya Yamada/Bloomberg

A empresa japonesa Panasonic anunciou nesta sexta-feira (9) que vai cortar 10 mil empregos, ou mais de 4% do total de funcionários, como parte de um esforço para eliminar operações que não apresentam crescimento e aumentar a lucratividade.

Os cortes de pessoal são necessários para preparar a empresa para as próximas décadas, disse o CEO da Panasonic, Yuki Kusumi, durante uma teleconferência de resultados.

“Eu sinto muito”, disse ele. “Se não reduzirmos drasticamente nossa estrutura de custos fixos, não seremos capazes de perseguir o crescimento novamente.”

O plano de demissão em massa vai atingir 5 mil funcionários no Japão e 5 mil no exterior até o fim do ano fiscal atual. A empresa estima em cerca de US$ 895 milhões os custos dessa reestruturação até março.

Efeito da crise na Tesla

A Panasonic, que tem aumentado a produção de baterias nos EUA, relatou um aumento maior do que o esperado de 74% no lucro líquido para o trimestre de março.

Mas as vendas em sua divisão de energia veicular têm caído constantemente, mesmo com os executivos enfatizando que os negócios permanecem fortes nos EUA.

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A empresa está atendendo a uma demanda forte de seus principais clientes, disse Kusumi. A Tesla é de longe a maior cliente de baterias de íon-lítio para veículos elétricos. Além da joint-venture Gigafábrica, que opera em Nevada, a Panasonic tem aumentado sua capacidade de produção no Kansas.

Isso ocorre enquanto a Tesla enfrenta queda nas vendas de seus veículos e custos crescentes decorrentes da guerra comercial do presidente Donald Trump. Consumidores ao redor do mundo estão evitando a marca, que se tornou um símbolo político devido ao envolvimento de Elon Musk com o governo.

Fundada há 107 anos, a Panasonic supervisiona uma vasta gama de negócios, de secadores de cabelo a elevadores e robôs industriais, além de fornecer baterias de para a Tesla. Em fevereiro, a empresa disse que planejava reestruturar suas operações e reduzir áreas sem crescimento, como dispositivos industriais e TVs, para acelerar uma mudança por meio do uso de inteligência artificial.

A partir de agora, ela vai se voltar para áreas como geração e armazenamento de energia eficiente e fontes de energia para centros de dados, além de fortalecer seus segmentos de baterias para veículos elétricos e eletrodomésticos, de acordo com uma apresentação de resultados feita nesta sexta.

Para o ano fiscal atual, a Panasonic prevê um lucro líquido de US$ 2 bilhões, após considerar os custos de reestruturação. A média da estimativa dos analistas é que ele chegue a cerca de US$ 2,5 bilhões. A empresa afirmou que ainda não considerou na conta o impacto de tarifas adicionais dos EUA.

As ações da Panasonic subiram apenas 5% desde o início do ano, prejudicadas por temores sobre a desaceleração das vendas de veículos elétricos e o impacto das tarifas dos EUA.

A Panasonic melhorou a lucratividade em suas operações de TV por meio de parcerias, mas isso não foi suficiente, disse Kusumi. “Estamos explorando muitas possibilidades, incluindo aprofundar nossas parcerias”, afirmou ele.

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