Escassez de Talentos em IA Pode Frear Inovação Global

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Desde 2019, a demanda por profissionais com habilidades em inteligência artificial tem crescido, em média, 21% ao ano – superando significativamente a oferta de talentos no mercado, segundo um estudo da Bain & Company realizado em cinco países.

Essa tendência global também se reflete no Brasil. Em outra pesquisa da consultoria, do primeiro trimestre de 2025, 39% dos executivos brasileiros apontaram a falta de expertise interna como o principal obstáculo para avançar com a implementação da inteligência artificial generativa nas empresas, superando preocupações com segurança de dados. “A ausência de profissionais especializados compromete a inovação e a capacidade das empresas de se manterem relevantes num mundo em grandes transformações”, analisa Lucas Brossi, sócio e líder de inteligência artificial para a Bain na América do Sul.

O estudo ouviu vice-presidentes e executivos C-Level de aproximadamente 100 empresas de 13 setores, com faturamento entre R$ 40 milhões e mais de R$ 10 bilhões.

Guerra global por talentos de IA

No Brasil, o Google estimou um déficit de 530 mil profissionais de TI até 2025. A Brasscom projetou a formação de 53 mil novos profissionais da área entre 2021 e 2025, um número insuficiente para preencher as quase 800 mil novas vagas que teriam sido criadas no período.

Nos Estados Unidos, estima-se que até 2027 o número de profissionais especializados em inteligência artificial deverá atender apenas metade da demanda do setor. “A falta de talentos é um risco real à execução das ambições estratégicas e à competitividade”, diz Brossi.

A velocidade das transformações digitais agravou a escassez de profissionais de tecnologia e acelerou uma verdadeira guerra por talentos globalmente. “Muitos profissionais brasileiros e sul-americanos conseguem ofertas atrativas para trabalhar em mercados desenvolvidos numa modalidade de trabalho a distância.”

Nesse cenário, profissionais com habilidades em IA, altamente demandados pelo mercado, podem desfrutar de algumas vantagens. Segundo a pesquisa da Bain no Reino Unido, nos EUA, na Alemanha, Índia e Austrália, a escassez de talentos fez com que os salários desses especialistas subissem 11%. No Brasil, 50% dos profissionais fizeram entrevistas para novas posições nos últimos seis meses, de olho em oportunidades mais atrativas. “Além da falta de especialistas, as empresas enfrentam o desafio de atrair e reter talentos em um mercado altamente competitivo.”

Como atrair e reter profissionais de IA

Os profissionais mais qualificados evitam empresas que operam com tecnologias ultrapassadas e dão preferência a ambientes desafiadores e inovadores, além de pacotes de remuneração atrativos “É urgente investir em planos de carreira, benefícios e um ambiente de inovação para mantê-los motivados e comprometidos com o negócio”, afirma Brossi.

A Bain & Company aponta três medidas de atração e retenção:

  1. 1. Alinhamento estratégico: as empresas precisam estruturar suas contratações de forma mais direcionada, alinhando os perfis buscados às necessidades reais do negócio. É essencial definir com precisão as áreas onde a IA pode gerar maior impacto e buscar talentos com especializações adequadas a esses desafios.
  2. 2. Modernização tecnológica: atrair e reter talentos exige que as empresas invistam em infraestrutura moderna e ferramentas avançadas. Tecnologias obsoletas afastam especialistas de ponta, que preferem trabalhar com soluções inovadoras e ambientes tecnologicamente dinâmicos.
  3. 3. Cultura de IA integrada: a IA não pode ser um projeto isolado dentro do setor de TI. Por isso, as empresas devem promover uma cultura organizacional que incentive a experimentação, a colaboração entre equipes e a aplicação da IA em diferentes áreas do negócio.

Como empresas tentam driblar a escassez de talentos

A inteligência artificial generativa está entre as cinco prioridades estratégicas de quase 70% das empresas hoje. Entre aquelas que ainda estão em um estágio inicial na adoção de IA, 50% enxergam a falta de talentos como uma barreira crítica – um salto em relação aos 25% indicados em 2024. Já entre as que estão escalando casos de uso com sucesso, esse número cai para 23%. “Organizações que começaram cedo na jornada de IA são mais maduras e têm máquinas de atração e retenção mais azeitadas, o que por si só é uma vantagem competitiva clara.”

Para driblar a escassez de talentos em meio à corrida pela IA, empresas têm adotado diferentes estratégias. “As companhias têm ampliado a busca por talentos para além dos polos tradicionais de tecnologia, investido na qualificação dos colaboradores atuais e construído uma proposta de valor atrativa.”

Outra saída encontrada por diversas organizações é a terceirização de serviços especializados como forma de acelerar a implementação da IA.

Quando se trata de capacitação, o sócio da Bain observa um descompasso: enquanto 93% dos colaboradores usam IA generativa no dia a dia de trabalho, apenas 20% têm acesso a ferramentas fornecidas pela empresa. “Isso indica uma grande oportunidade para as organizações investirem em treinamento estruturado e institucionalização do uso da IA como forma de aumentar a produtividade e o engajamento das equipes.”

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