Exclusivo: Bob Burnquist revela segredos de Tony Hawk’s Pro Skater 3+4

Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 traz como uma de suas grandes estrelas Bob Burnquist, brasileiro que fez história dentro do esporte e no mundo dos games. Recentemente, durante a gamescom latam 2025, o skatista e empresário apresentou um painel sobre o novo título e sua carreira dentro e fora das pistas. 

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Em entrevista exclusiva ao Canaltech, Burnquist falou sobre como o seu caminho nos games impactou sua vida profissional e sua parceria de longa data com o lendário Tony Hawk. 

O skatista também comentou sobre a participação de Rayssa Leal e Letícia Bufoni no game, assim como a presença e representação de personagens brasileiros em diversos jogos ao longo dos tempos. 


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Novidades de Tony Hawk’s Pro Skater 3+4

Bob Burnquist é figurinha presente em diversos títulos da franquia Tony Hawk’s Pro Skater, mas não estava disponível em todos os games da série. Por exemplo, ele não era um personagem jogável no terceiro título. Porém, no remake, pela primeira o atleta vez será adicionado à experiência, o que é um dos destaques.

 

“Eu estava no Tony Hawk’s Pro Skater original e no 2, mas saí no 3. Não sei se lembram disso. Aí voltei no 4 e no 5 e fiquei até hoje. No remake 3+4 vai ser a primeira vez que meu personagem vai interagir com muitos níveis e estarei em lugares onde nunca estive. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo. Fora novas manobras e interações, novidades que a galera pode esperar”, afirma Bob Burnquist. 

26 anos de Tony Hawk’s Pro Skater

Depois de 26 anos sendo representado em uma das maiores franquias de jogos de skate, Bob Burnquist revela como foi o impacto de representar o Brasil desde o começo da série.

“Foi um impacto enorme. Eu passei pelo processo, joguei bastante videogame. E a gente sempre procurava os personagens. Aqui no Brasil, você buscava quem é o brasileiro. O Blanka, por exemplo. Não é nem tão bom, era um bicho doido, mas você buscava jogar com ele porque se vê ali. Traz representatividade”, afirma Bob.

Ele também comenta como surgiu a oportunidade de fazer parte da franquia, com um convite do próprio Tony Hawk para estrelar o jogo — e em posição privilegiada. 

“Quando saiu o primeiro THPS, que eu tive a oportunidade de estar, era um sonho só de estar interagindo com ele. Aí ele me chamou para o jogo que estava fazendo. Em uma época que eu competia, era competidor direto dele. O Hawk poderia muito bem me deixar de fora. Mas não, ele me trouxe. Na primeira versão demo, fomos os primeiros jogadores: era só nós dois. O brasileiro podia ver ali a bandeirinha do nosso país e isso foi incrível”.

Imagem de Tony Hawk Pro Skater
Bob Burnquist era o único brasileiro no primeiro Tony Hawk’s Pro Skater, em 1999 (Imagem: Reprodução/Activision)

Obviamente que estar na frente de um dos jogos de maior sucesso impulsionou a carreira e visibilidade de Burnquist, o que impactou bastante o seu trajeto no mundo do skate e em sua vida profissional.

“Eu não tinha a menor ideia da dimensão, do que que isso viria a ser. Foi logo quando eu comecei a minha carreira nos Estados Unidos. Então foi bem cedo. Isso me deu um empurrão, visibilidade e me levou aos eventos na grande mídia, canais abertos e tudo mais”, revela o atleta e empresário.

Bob também diz que isso criou um verdadeiro legado, já que sua participação na franquia trouxe vários fãs e pessoas que acompanharam a sua carreira ao longo dos anos:

“O jogo traz uma interatividade diferente. Até hoje a galera me fala ‘poxa Bob, eu jogava na minha infância, não sei quantas vezes eu joguei’. E isso aí é muito bacana. Isso conecta de um outro jeito. Além de eternizar, porque hoje você pode pegar e colocar o jogo do PlayStation, se você tiver o videogame antigo, você pode jogar”.

Presença feminina em Tony Hawk’s Pro Skater

Em Tony Hawk’s Pro Skater 3+4, além do próprio Burnquist, teremos duas skatistas brasileiras: Rayssa Leal e Letícia Bufoni. Para celebrar a presença delas, o atleta também falou o que esperar das jovens na experiência:

“No primeiro jogo do Hawk, a representatividade existia com a Elissa Steamer. Ela foi a pioneira ali, mandava muito bem naquela época e ganhou o seu espaço. Não pensávamos assim ‘ah, temos de colocar uma mulher’ ou coisas do tipo. Funcionava da seguinte forma: buscamos quem eram os melhores e fazíamos o convite”.

Imagem de Elissa Steamer
Elissa Steamer era a única mulher presente nos primeiros jogos da franquia Tony Hawk’s Pro Skater (Imagem: Reprodução/Activision)

Se Elissa começou esse caminho pela representatividade feminina no skate, isso foi continuado por diversas outras atletas que fizeram seu nome no esporte e também conquistaram um espaço de destaque.

“Hoje temos a Rayssa e vemos o que ela está fazendo pelo skate. Não apenas como mulher, mas como skatista e uma das representantes máximas do esporte. Hoje ela tem uma atenção incrível que é muito importante para todos nós. Veio de gerações essa expansão, mas são passos que damos. Eu era o primeiro e único brasileiro no jogo, aí veio na sequência a Letícia e agora a Rayssa. Então expande para mais brasileiros, mais brasileiras e assim o nosso skate é representado”, revelou o atleta.

Para Burnquist, além da representação dos brasileiros como personagens jogáveis, isso também existe através da nossa música. Ou seja, se torna uma verdadeira representação cultural de nossa arte:

“Em THPS 1+2, conseguimos o Charlie Brown Jr., então também podemos trazer as músicas ao jogo. Como vemos nos vídeos, a música e o skate estão atrelados há muito tempo. O próprio Red Hot Chilli Peppers aparece primeiro em eventos de skate. Quando saiu o jogo do Tony Hawk, as músicas se tornaram tão importantes quanto os personagens”.

E, no fim, tudo se resume ao que a franquia Tony Hawk’s Pro Skater trouxe ao público desde o primeiro título, lançado em 1999.

“É a plataforma que o jogo dá. Estamos muito bem representados e, agora com a cidade do Rio de Janeiro sendo uma possibilidade de escolha de jogo, você também pode passar ali e ver o caixa eletrônico do Banco do Brasil. Você traz marcas e possibilidades. Tem o próprio Corcovado… É legal você ter esses ícones do Brasil dessa maneira”, reforça o skatista.

Já em relação a Rayssa Leal, ele admira o trabalho da tricampeã mundial da Street League Skateboarding. Para Burnquist, ela é um grande exemplo para a nova geração:

“Você vê a habilidade dela no skate, é incrível. Acho que ela tem uma representatividade muito bacana. A forma como ela se conduz, dá entrevistas, isso aí é muito legal de ver. A longevidade vem de você manter uma coisa divertida e alegre em meio à pressão grande que existe e sempre existiu”.

Imagem de Rayssa Leal em THPS 3+4
Rayssa Leal estreará em Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 (Imagem: Reprodução/Activision)

Ele acredita que o caminho é seguir leve, sem carregar grandes pesos em relação à competição, medalhas e grandes prêmios. Isso se torna uma consequência do que o skatista é, não necessariamente precisa ser o “objetivo final”.

“Às vezes perdemos um pouco disso. Quando você, de repente, entende que essa é a razão de ser e não de ter que ir lá e ganhar, sabe? Acho que você tem de obter essa aura em volta, onde o skate é uma forma de você se realizar e se expressar”.

 

Por fim, ele dá um conselho à Fadinha:

“Se eu tenho algum conselho, não só para ela, mas para todos, é que goste do que faz em primeiro lugar. A alegria quando estiver andando. Na competição, não leva tão a sério. Apesar de ser. Quando vou, tenho de ir para ganhar, mas a leveza e a forma como lida com o processo é importante. Senão, fica velho e aí, de repente, você nem quer mais”.

Relação com Tony Hawk

Bob afirma que não havia uma disputa direta contra Tony Hawk na época em que os dois competiam, com ambos carregando um grande respeito mútuo: 

“Com o Hawk eu nunca tive uma rivalidade, apesar de disputarmos competições. Você não precisa ser rival. Quem vê de fora diz que é um contra o outro, mas nunca houve isso entre nós. Ele sempre foi muito gracioso, só de me colocar nisso sabe? Ele tinha a escolha de personagens e demonstrou essa diferença. Até hoje, ele menciona meu nome e eu o dele. Há muito respeito entre nós”.

Além disso, ele afirmou que continua admirando Tony Hawk e tudo que ele construiu — não apenas para si mesmo, mas também para toda a comunidade do skate ao longo dos anos.

“Ele sempre abriu portas. Essa grande ponte. Ele sempre esteve em primeiro lugar, seja nos X-Games ou voltando em 1999 e lançando o jogo dele. Porém, sempre trazendo e conversando com todos que eram de fora. Então eu sempre via o caminho dele e me espelhava, me inspirando até hoje. Ele ainda anda de skate, tem seus negócios no empreendedorismo, então sempre foi o norte”, revela o atleta. 

Imagem de Tony Hawk's Pro Skater 1+2
Bob Burnquist e Tony Hawk têm uma amizade de longa data (Imagem: Divulgação/Activision)

Para Bob, o importante é reforçar estes laços ao longo da vida. Que, atualmente, é algo que ele valoriza muito mais do que prêmios.

“É bizarro como a vida é, não é? Eu aqui no Brasil, crescendo e andando de skate em São Paulo. Tão fora do alcance. E, subitamente, essas pessoas e conexões. São parte do meu convívio. E não tem como se acostumar com isso. É melhor do que ganhar medalhas e troféus”, revela o atleta. 

Por fim, o skatista reforça que os troféus são apenas uma consequência dos feitos de cada um, mas que é importante manter o espírito esportivo dentro de qualquer tipo de competição:

“Se jogar pingue-pongue comigo, eu não vou querer perder. É a mesma coisa. Lógico que sinto orgulho daqueles campeonatos que ganhei. Porém, é lógico que acima disso, tem a mensagem do skate. As pessoas se inspiram. E usamos as ferramentas, o próprio jogo é uma ferramenta de alcance, uma expansão do esporte”.

Futuro do skate

Para o atleta, o esporte já avançou bastante, mas ele sempre enxergou o skate como uma prática plural e que pode crescer ainda mais de formas diferentes.

“Eu vejo o skate como polvo, com vários tentáculos. Eu sempre falo isso, seja no skate vert, skate street, Olimpíadas, videogames, são todos tentáculos e áreas do skate. Ele é uma grande expansão, tem todo o tipo de personalidade. Dentro dele não tem só o cara que escuta rap, tem também o cara do metal, sabe? E importa ele estar lá, o tipo não importa. Cada um de um jeito, seja homem, mulher, se tem dinheiro ou não. O skate democratiza essa união com todas essas frentes”, afirma Burnquist.

Para ele, a parte mais importante não é sequer fazer algum tipo de sentido, mas sim atrair procedimentos que auxiliem a expansão do esporte. 

“Não tem muito a ver as Olimpíadas com a nossa identidade, mas você pode levar a personalidade do esporte para dentro do evento. De uma maneira ou outra, o skate lembrou ou relembrou o espírito olímpico. Quando se fala nele, lembramos de amizade e coordenação, algo que antes do skate não se via muito essa camaradagem entre os competidores”, revela o atleta.

De acordo com Burnquist, a classe dá uma relevância maior para o cenário de união do que competição:

“Queremos ganhar, mas acho que dá para todos chegarmos juntos e com todos se empolgando juntos. E eu acho que é isso que levamos. O espírito do skate, agora a cultura do skate. Ele está no dia-a-dia, eu nem vejo mais o skate como esporte, é mais uma arte, uma forma de você se expressar — similar a pegar uma tinta e pintar a parede. Você faz uma manobra de uma forma que enxerga o obstáculo, então é muito cultural e artístico”.

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