B3 Aposta em Novas Categorias de ETFs Que Pagam Dividendos. Entenda Como Funcionam

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Desde quando foram disponibilizados para investidores pessoa física na B3, em 2021, os ETFs (Exchange Traded Funds, em inglês) se tornaram queridinhos. Eles se baseiam em índices de referência de ações, renda fixa, criptomoedas ou temáticas específicas e, tradicionalmente, apresentam um risco menor do que a aquisição direta de ativos — e um custo operacional menor. “Em uma única compra, ele consegue ter exposição a uma ampla gama de ativos, dentro da variação de risco desejada”, explica Thalita Forne, Superintendente de Produtos da B3.

De 2023 para cá, esse nicho de investimento ganhou uma nova modalidade no Brasil: os ETFs que distribuem dividendos, uma variedade de fundo de índice muito popular no exterior. Ao contrário do que acontece nos outros ETFs, em que os dividendos são reinvestidos, essa categoria redistribui os seus rendimentos aos cotistas.  De acordo com Flávio Vegas, especialista de produtos da Global X, os proventos podem ser pagos de forma mensal, trimestral, semestral ou anual. 

Essa categoria é bastante difundida no exterior, sobretudo nos Estados Unidos, onde a maioria dos fundos de índice pagam proventos. Segundo Vegas, estima-se que eles acumulam US$10 trilhões (R$ 57,5 trilhões) no mercado americano. Por aqui, seu portfólio vem crescendo. 

Na B3, há cinco fundos de índice que distribuem proventos, todos eles baseado em ações: COIN11 (Neos Bitcoin High Income Index), DIVD11 (Itaú Asset), NDIV11 (Nu Asset), além do SPYI11 e QQQI11, ambos da Buena Vista Capital. E as coisas não devem parar por aí. 

Para além das ações

No início de março, a B3 anunciou a autorização para outros dois ETFs que pagam dividendos. O primeiro a ser liberado para listagem foi o de Infraestrutura, cujo fundo se espelha em índices de Fundo Incentivado de Investimento em Infraestrutura (FI-Infra). 

“Os ETFs de Infraestrutura com distribuição de proventos são uma nova classe de ativos que irão auxiliar na diversificação de carteira, sendo um produto muito vantajoso para a pessoa física”, afirmou Felipe Gonçalves, Superintendente de Produtos de Juros e Moedas da B3, em nota. 

O segundo ETF, com distribuição de proventos, a ser autorizado foi o de fundos imobiliários (FIIs), tanto nacionais quanto internacionais. Para a superintendente de produtos da bolsa, as novas opções são um caminho para fortalecer o mercado. É um caminho para as empresas captarem recursos, impulsionando o setor, enquanto a gama de investimentos aumenta”, avalia.

A questão é que, por ora, esse fundo e os seus respectivos índices não existem na bolsa de valores brasileira. “A construção de um ETF, por vezes, não ocorre na mesma velocidade que a de um fundo de investimento”, aponta Renato Eid, coordenador da Comissão Temática de Gestão de Carteiras da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Ele explica que o primeiro passo é a criação do índice e isso requer pensar na sua replicabilidade. “Não adianta eu pegar vários ativos e montar um índice sem liquidez”, diz. 

Os players do setor se mostram otimistas com a expansão. “É um mercado que deve crescer. Há muitas pessoas falando sobre essas duas categorias e há muita demanda”, aponta Renato Nobile, CEO da Buena Vista Capital.

Novos, mas em boa fase

Nobile considera que embora os ETFs que pagam dividendos sejam um segmento relativamente novo, eles estão conquistando muitos investidores. Entre as principais vantagens, ele aponta para o fato de que quem tem interesse em investir não precisa fazer uma busca ativa, como acontece na aquisição de uma ação ou de um título de renda fixa. No caso da distribuição de proventos, há ainda a possibilidade de reforçar uma estratégia de renda passiva. 

“Essa ‘cesta de ativos’ já disponibiliza várias opções de forma automatizada. Além disso, o investidor não precisa se preocupar com o rebalanceamento, porque o próprio ETF faz isso para ele”, completa. Por trás disso, há o formador de mercado, um gestor responsável por garantir que esse tipo de ETF espelhe exatamente o índice. Pelas normas da B3, ele precisa dedicar pelo menos 80% do seu tempo de trabalho a isso. 

Apesar dos pontos positivos, os ETFs de distribuição têm uma tributação de 15% sobre os proventos. “A receita considera um ganho de capital diferente dos dividendos por empresas ou dos fundos imobiliários, que são isentos”, explica o CEO da Buena Vista. Outro problema é a sensibilidade a juros que, quando elevados, fazem dos ETFs de distribuição um investimento menos atrativo perto dos títulos de renda fixa.

É um bom negócio?

Todos os entrevistados foram unânimes: tudo depende do seu perfil. “Se a pessoa precisa de uma recorrência de pagamentos para outras finalidades, o ETF de distribuição é o mais indicado”, explica Forne. 

Já se o investidor é aquele que não precisará do dinheiro tão cedo, o mais recomendado é o ETF de acumulação. Nesse modelo, o gestor do fundo usa os proventos para reinvestir na própria carteira, o que potencializa os ganhos dos investidores. “Se você não usa esse recebimento, ele se torna um ônus, porque terá o trabalho de reinvesti-lo. Nesse período, ainda há o risco de perder a oportunidade de uma rentabilização”, aponta Eid.

Quem tem interesse em investir em ETFs com distribuição de dividendos precisa entrar em contato com uma corretora ou com uma instituição financeira, que irão ajudar na escolha do produto mais adequado, conforme as preferências do cliente. A partir disso, é efetuada a busca pelo ticker do ETF — código usado na Bolsa de Valores para identificar o ativo a ser negociado – dentro do homebroker (plataforma online para negociação) da B3, onde acontece a compra.

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