Fluxo estrangeiro cresce mas reflete não melhora estrutural, diz economista

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Durante entrevista ao programa BM&C News, o especialista em mercado de capitais André Momberger analisou o comportamento recente do investimento estrangeiro na Bolsa brasileira. Segundo ele, após um início de abril marcado por saídas expressivas, o fluxo voltou a se tornar positivo, atingindo saldo de quase R$ 6 bilhões.

Momberger apontou que, apesar da recuperação, a oscilação do fluxo internacional reflete as incertezas do cenário global e a falta de avanços estruturais internos. “É uma grata surpresa ver o retorno de investimento estrangeiro, mas a volatilidade ainda é muito grande e mostra que o movimento é baseado em oportunidade, não em uma melhora estrutural do Brasil“, destacou.

Oportunidade de curto prazo interessa estrangeiro

O especialista afirmou que o interesse estrangeiro atual se deve, principalmente, à combinação de ativos brasileiros ainda baratos, taxa de juros real elevada e a posição relativa favorável do Brasil em relação a outros emergentes.

Quando olhamos para outros países competindo por capital, vemos que China enfrenta restrições, Índia está cara e México sofre impactos das negociações comerciais com os Estados Unidos. O Brasil, mesmo com seus problemas, se saiu relativamente bem“, avaliou.

Além disso, segundo Momberger, o mercado brasileiro ainda oferece boa liquidez e fundamentos institucionais sólidos, fatores que reforçam o apetite dos investidores internacionais em busca de retornos em meio à instabilidade global.

Apesar do movimento positivo, Momberger alertou que a permanência desse fluxo depende diretamente da manutenção das oportunidades no Brasil e da evolução do cenário global.

O dinheiro pode sair tão rápido quanto entrou. Se surgirem alternativas mais atraentes em outros países, esse capital vai migrar rapidamente. Ainda temos muitos temas de casa para fazer internamente“, afirmou.

Para o especialista, o fluxo estrangeiro é fundamental para sustentar o mercado de renda variável brasileiro, mas é necessário cautela ao interpretar os dados recentes como um sinal de fortalecimento estrutural.

André Momberger também avaliou os desdobramentos do cenário norte-americano sobre os mercados emergentes. Na sua visão, um “soft landing” — desaceleração da economia dos Estados Unidos sem recessão — seria o melhor desfecho para o Brasil.

Se houver uma moderação sem recessão, os mercados emergentes, incluindo o Brasil, continuarão a se beneficiar. Uma recessão nos EUA seria negativa para todo o mundo, dado o peso americano na economia global“, explicou.

Segundo ele, acordos bilaterais entre Estados Unidos e China, já em discussão, também podem trazer mais estabilidade para o comércio global, favorecendo a atratividade dos países emergentes.

Assista na íntegra a análise sobre investimentos estrangeiros

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